PrEP sob demanda: nota técnica do Ministério da Saúde amplia opções de prevenção ao HIV
Em dezembro de 2022, o Ministério da Saúde emitiu a nota técnica nº 563 com uma novidade importante para aqueles que fazem uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV no Brasil: a partir de agora, o país faz parte do grupo de nações que recomendam a utilização da PrEP sob demanda (também conhecida como PrEP 2+1+1) como estratégia de saúde pública de prevenção ao HIV. O documento autoriza a utilização do medicamento para as populações de homens cisgênero e pessoas trans identificadas com o sexo masculino ao nascer.
A PrEP sob demanda começou a ser analisadaem 2015, por pesquisadores franceses, por meio do estudo Ipergay. Nele, foi testada uma nova forma de se tomar a profilaxia com as mesmas substâncias utilizadas na PrEP oral diária (tenofovir/emtricitabina): dois comprimidos juntos, de duas a 24 horas antes da relação sexual, e mais dois comprimidos, um 24 horas após a dose inicial e outro 48 horas após a dose inicial. Em outras palavras: na PrEP sob demanda, os comprimidos só precisam ser tomados antes e depois do sexo, sendo indicada para aqueles indivíduos que conseguem programar as suas atividades sexuais.
Mas não foi apenas no Ipergay que o Ministério da Saúde se baseou para recomendar a PrEP sob demanda no Brasil. O Prévenir, também realizado na França, com mais de 3 mil participantes vulneráveis ao HIV, foi outro estudo de relevância. Nessa análise, os voluntários podiam decidir qual modalidade da profilaxia tomar: a oral diária ou a sob demanda. No final, foram registrados apenas seis casos de infecção pelo vírus, todos em pessoas que descontinuaram o uso da PrEP.
Além do Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e França já utilizam essa modalidade da profilaxia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, que recomenda a PrEP sob demanda desde 2019, essa forma de proteção pode ser uma importante ferramenta dentro da estratégia de prevenção combinada, especialmente para gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens e para mulheres trans.
Vale ressaltar que a PrEP sob demanda ainda não é recomendada para mulheres cisgênero. Isso ocorre por causa da baixa representatividade dessa população nos estudos científicos realizados até o momento.
A nota técnica pode ser conhecida em http://azt.aids.gov.br/documentos/SEI_MS%20-%200030684487%20-%20Nota%20T%C3%A9cnica%20563.2022.pdf