Publicação dos resultados do ImPrEP em The Lancet HIV ratifica relevância do projeto no panorama da PrEP na América Latina
Referência na implementação e na expansão da oferta da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV no Brasil, México e Peru, o projeto ImPrEP acaba de ter seus principais resultados apresentados na edição de 21 de dezembro de The Lancet HIV, uma das mais conceituadas publicações científicas do mundo. A íntegra do artigo, assinado pelo Grupo de Estudos ImPrEP e com acesso livre a todos os interessados, pode ser conhecida em https://www.thelancet.com/pdfs/journals/lanhiv/PIIS2352-3018(22)00331-9.pdf . Em reconhecimento à importância do estudo, a revista publicou um editorial específico sobre o mesmo, destacando sua relevante contribuição.
“O ImPrEP foi um estudo de implementação da PrEP, conduzido de 2018 a 2021, que teve como objetivo central avaliar a viabilidade da oferta imediata de PrEP oral diária nesses três países, servindo de espelho para iniciativas similares na América Latina. Importante ressaltar a profícua parceria entre o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, e o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde do Brasil, cuja união de competências e esforços protagonizou os bons resultados alcançados”, observa Valdiléa Veloso, pesquisadora principal do estudo.
O projeto, conduzido em 14 centros no Brasil, 4 no México e 10 no Peru, foi direcionado a gays, bissexuais e outros homens cisgênero que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans, populações mais afetadas pela pandemia de HIV e aids na América Latina. Eram elegíveis a participar do estudo pessoas com 18 anos ou mais, com resultado negativo no teste de HIV e que relatassem um ou mais critérios de risco pré-especificados. Voluntários considerados aptos recebiam, já na primeira visita e de forma gratuita, a PrEP oral diária. Este foi o maior estudo de PrEP já conduzido na América Latina e o segundo maior do mundo em termos de números de participantes.
O ImPrEP demonstrou que a oferta imediata de PrEP é viável, com baixa perda precoce de acompanhamento, reforçando a estratégia da política pública de PrEP no Brasil, estabelecida em 2017. Também contribuiu para o estabelecimento do programa nacional de da profilaxia no México. Principais resultados:
– Um total de 9.509 participantes foi incluído (3.928 no Brasil, 3.288 no México e 2.293 no Peru), sendo 94,3% HSH e 5,7% travestis e mulheres trans, a maioria entre 18 e 30 anos;
– A adesão à PrEP e a retenção ao serviço a longo prazo foram boas, sendo pior entre os mais jovens e mais vulneráveis;
– A incidência de HIV foi muito baixa, sendo maior nas populações mais vulneráveis e com baixa adesão à PrEP.
“A PrEP comprovou ser uma importante tecnologia de prevenção, especialmente junto a populações como HSH, travestis e mulheres trans na América Latina. Nesse sentido, os determinantes sociais e estruturais de risco ao HIV precisam ser abordados para a plena realização dos benefícios da profilaxia”, analisa Beatriz Grinsztejn, co-pesquisadora principal do ImPrEP e responsável pela condução da nova etapa do projeto, batizada de ImPrEP CAB Brasil. Trata-se de um estudo de implementação do cabotegravir de longa ação como PrEP para HSH, travestis, mulheres e homens trans e indivíduos não-bináries de 18 a 30 anos que visa reunir subsídios para a possível oferta da modalidade injetável da profilaxia no SUS, com operacionalização prevista para o início de 2023.