Conscientização sobre I=I entre minorias sexuais e de gênero no Brasil, México e Peru: diferenças de acordo com o status autorreferido de HIV
Apresentado pelo ImPrEP em forma de pôster na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada de 29 de julho a 2 de agosto em Montreal, Canadá, “Conscientização sobre I=I entre minorias sexuais e de gênero no Brasil, México e Peru: diferenças de acordo com o status autorreferido de HIV” é resultado de uma análise conduzida pelo Grupo de Trabalho ImPrEP, composto por Kelika Konda, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, e outros colaboradores*.
O slogan “Indetectável=Intransmissível” (I=I) foi criado para divulgar a mensagem de que as pessoas vivendo com HIV que estão em uso da terapia antirretroviral (TARV) com carga viral indetectável não transmitem o vírus a seus parceiros e parceiras sexuais.
O trabalho consistiu na realização, em 2021, de uma pesquisa on-line entre minorias sexuais e de gênero com mais de18 anos do Brasil, México e Peru. Os modelos iniciais estimados incluíram fatores sociodemográficos, como país, sexo, idade, raça, educação e renda, e, em seguida, modelos subsequentes que abarcaram itens como comportamento de risco, uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) e percepção de risco ao HIV para participantes HIV negativo/sorologia desconhecida ou participantes que vivem com o vírus e estão em uso da TARV.
Foram incluídos 21.374 respondentes (Brasil: 61%, México: 30%, Peru: 8%), com idade média de 32 anos. Noventa e seis por cento dessas pessoas das minorias sexuais e de gênero eram homens cisgênero, 57% negros e pardos, 3% com ensino médio e 23% tendo o salário mínimo como renda. Entre os participantes HIV negativo ou com status desconhecido, 9% se percebiam em alto risco para o HIV, 58% foram classificados como de alto risco e 13% já usaram a PrEP. Entre os participantes que vivem com HIV, 93% estavam em uso da TARV.
A conscientização em relação a I=I foi de 89% no Brasil e no México, superior ao Peru (65%). Esse conhecimento foi maior entre os respondentes que vivem com HIV (96%) do que entre os participantes HIV negativo (88%) ou de status sorológico desconhecido (69%). Nos modelos multivariados, a conscientização sobre I=I foi menor entre os indivíduos das minorais sexuais e de gênero de baixa renda, pretos e pardos. Entre os HIV negativos, as pessoas trans/não binárias demonstraram menor conhecimento sobre I=I do que os homens cisgêneros, enquanto os que relataram alto risco para o HIV e usavam PrEP tinham maior conscientização.
Entre as conclusões, os autores apontam que o conhecimento em relação a I=I variou de acordo com o status de HIV, características sociodemográficas e comportamento de risco. Estratégias educacionais amplas, incluindo a transmissão da mensagem sobre I=I, com foco em minorias sexuais e de gênero vulneráveis à infecção pelo HIV são urgentes para diminuir o estigma contra as pessoas que vivem com o vírus.
* Autores do trabalho
Kelika Konda (1) , Thiago Torres (2) , Hamid Vega-Ramirez (3), Oliver Elorreaga (1), Centli Guillén-Díaz-Barriga (3), Dulce Diaz (3) , Brenda Hoagland (2), Juan V. Guanira (4) , Marcos Benedetti (2) , Cristina Pimenta (5) , Heleen Vermandere (6) , Sergio Bautista-Arredondo (6) , Valdiléa Veloso(2), Beatriz Grinsztejn (2) e Carlos Caceres (1),do Grupo de Estudos ImPrEP
(1)Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Saúde e Aids/Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima Peru
(2)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil
(3)Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México
(4)Inmensa, Lima, Peru
(5) Ministério da Saúde do Brasil, Brasília, Brasil
(6) Instituto Nacional de Saúde Pública, Cidade do México, México