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Comportamento sexual e prevalência de HIV entre imigrantes venezuelanos no Peru: um estudo entre HSH e mulheres trans avaliados para PrEP

Apresentado pelo ImPrEP em forma de pôster na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto, “Comportamento sexual e prevalência de HIV entre imigrantes venezuelanos no Peru: um estudo entre HSH e mulheres trans avaliados para PrEP”, foi liderado por Oliver Elorreaga, da Universidade Peruana Cayetano Heredia e outros colaboradores do Grupo de Estudos ImPrEP*.

A crise econômica venezuelana gerou uma onda migratória sem precedentes. De acordo com estimativas do Banco Mundial, o Peru abriga cerca de 1,2 milhão de imigrantes vindos da Venezuela. No entanto, pouco se sabe sobre o perfil epidemiológico dos imigrantes de duas populações-chave: gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans, que podem estar em alto risco de HIV devido, em parte, a circunstâncias sociais e econômicas desafiadoras.

De maio de 2018 a fevereiro de 2021, os participantes do estudo ImPrEP responderam a um questionário estruturado sobre comportamentos sexuais e foram testados para infecções sexualmente transmissíveis (IST) e HIV com objetivo de determinar a elegibilidade para serviços de profilaxia pré-exposição (PrEP). Todos os participantes eram HSH ou mulheres trans maiores de 18 anos e forneceram consentimento informado. Foram comparadas características sociais e comportamentais entre voluntários que testaram positivo para o HIV e, portanto, não elegíveis para o uso de PrEP.

Entre os 2.526 participantes selecionados, 623 (24,7%) eram imigrantes, dos quais 590 (94,7%) vinham da Venezuela. Entre toda a população estudada, 74 (11,9%) viviam com HIV e eram venezuelanos. Comparando os voluntários avaliados pelo ImPrEP, os venezuelanos tiveram o dobro da prevalência de HIV em relação aos peruanos (12,5% x 6,8%). Ainda na comparação entre participantes do Peru e da Venezuela, entre aqueles que viviam com HIV, os venezuelanos eram mais velhos e escolarizados, relataram sexo anal sem preservativo com parceiros que vivem com HIV e realizavam trabalho sexual.

De acordo com os pesquisadores, a crise migratória venezuelana exige políticas e serviços de saúde adequados para o devido acolhimento. Os achados do estudo sugerem que a prevalência do HIV entre HSH e mulheres trans venezuelanos é alta e o envolvimento com trabalho sexual e comportamentos de risco associados ao vírus são comuns nesse grupo vulnerável. Testes, tratamento para o HIV e ferramentas de prevenção do vírus, incluindo a PrEP, devem ser disponibilizados dentro do programa de saúde pública.

*Autores do trabalho:

Oliver Elorreaga(1), Kelika Konda(1), Juan Guanira(1), Gino Calvo(1), Silver Vargas(1), Yannick Borques(2) e Carlos Cáceres(1)

  • Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedade, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
  • Universidade da Califórnia, San Diego, Califórnia, Estados Unidos