ImPrEP avalia a precisão de medidas indiretas de adesão à PrEP entre jovens HSH e mulheres trans da América Latina
O monitoramento da adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV é fundamental para evitar novas infecções pelo vírus e para orientar futuros programas de implementação do medicamento.
Pesquisa liderada por Thiago Torres, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, e pelo Grupo de Estudo do ImPrEP*, visou a avaliar a precisão das medidas indiretas de adesão à PrEP entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transexuais. A análise foi apresentada em forma de pôster na 31ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 3 a 6 de março, em Denver, nos Estados Unidos.
O estudo ImPrEP ofereceu, de fevereiro de 2018 a junho de 2021, a PrEP oral no mesmo dia, baseada no fumarato de tenofovir desoproxila associado à entricitabina (TDF/FTC), para 9.509 HSH e mulheres trans do Brasil, Peru e México. As visitas de acompanhamento eram agendadas quatro semanas após a inscrição e trimestralmente a partir de então. Participaram desse subestudo jovens HSH, de 18 a 24 anos, e mulheres trans de todas as idades.
Os pesquisadores compararam duas medidas indiretas de adesão à profilaxia: taxa de posse de medicamento (proporção entre comprimidos dispensados e comprimidos ingeridos) e informações autorrelatadas (uma única pergunta realizada a cada visita de acompanhamento).
Foram utilizadas equações de estimativas generalizadas para avaliar a precisão de cada medida indireta de adesão à PrEP. Em seguida, com base no índice de Youden, estimaram-se pontos de cortes ideais para discriminar os níveis protetores de TDF/FTC.
No total, 2.096 pessoas participaram da análise (1.692 jovens HSH e 404 mulheres trans). A maioria (75,5%) era parda e negra e 65% tinham pelo menos 12 anos de escolaridade. Ao final do período de acompanhamento, 2.871 (67,2%) voluntários apresentaram níveis protetores do medicamento, sem diferenças significativas entre as duas medidas indiretas de adesão.
Para os autores, a taxa de posse de medicamento e a adesão autorreferida discriminaram adequadamente os níveis de proteção da PrEP entre as populações-chave do estudo nos três países. Eles afirmam que essas medidas, além de serem de baixo custo e de fácil implementação, permitem ações imediatas para apoiar a adesão à profilaxia nos serviços públicos de saúde.
Leia o resumo do outro pôster apresentado pelo ImPrEP CAB Brasil no evento em http://imprep.org/2024/03/19/imprep-investiga-adesao-a-prep-entre-jovens-hsh-e-mulheres-trans-na-america-latina-2/
*Autores:
Thiago Torres (1), Mayara Secco (1), Carolina Coutinho (1), Pedro Leite (1), Ronaldo Moreira (1), Brenda Hoagland (1), Juan Guanira (2), Marcos Benedetti (1), Hamid Vega (3), Sergio Bautista (4), Carlos Cáceres (2), Peter Anderson (5), Beatriz Grinsztejn (1) e Valdiléa Veloso (1), do Grupo de Estudos ImPrEP
1 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil
2 – Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
3 – Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñz, Cidade do México, México
4 – Instituto Nacional de Saúde Pública, Cidade do México, México
5 – Universidade do Colorado, Aurora, Estados Unidos