Estudo na Holanda com HSH e pessoas trans propõe caracterização pelo comportamento sexual para alcançar usuários elegíveis à PrEP
Um estudo conduzido na Holanda por Feline de la Court, do Departamento de Doenças Infecciosas do Serviço Público de Saúde de Amsterdã, e publicado em abril de 2023 no periódico Plos One, propôs que uma classificação a partir do comportamento sexual pode auxiliar de modo mais preciso na identificação de potenciais usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP) e identificar fatores que aumentam os riscos de infecção pelo HIV.
As características do comportamento sexual levadas em conta foram: número de parceiros, prática sexual com uso de substâncias (chemsex), prática de sexo em grupo e trabalho sexual. Os dados foram obtidos a partir de visitas a centros de saúde sexual, geralmente para testagem e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (IST) ou HIV, por parte de gays e outros homens que fazem sexo com homens, de bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens e mulheres, e de pessoas transgênero. No total, 45.582 visitas de 14.588 indivíduos foram incluídas.
O estudo criou três classes de comportamento sexual a partir da autodeclaração dos participantes em relação aos últimos seis meses anteriores às visitas aos centros: classe 1, caracterizada por um baixo número de parceiros sexuais, poucos relatos de chemsex e de sexo em grupo; classe 2, caracterizada por um maior número de parceiros sexuais (³ 6) e maior frequência de sexo em grupo; classe 3, além das características da classe 2 (³ 6 parceiros sexuais e sexo em grupo), relatos de chemsex e trabalho sexual. A proporção de visitantes a partir das classes foi de 53,5% na classe 1; 29,8% na classe 2; e 16,7% na classe 3.
A partir de tal divisão, buscou-se estabelecer associações entre as classes e maiores probabilidades de diagnósticos positivos para IST e HIV. O estudo constatou que os indivíduos das classes 2 e 3 eram mais comumente diagnosticados com infecções sexualmente transmissíveis. A proporção de visitas em que IST foram identificadas foi de 17,07% para a classe 1, 19,53% para a classe 2 e 25,25% para a classe 3.
Segundo os autores do artigo, apesar de todos os participantes incluídos no estudo serem elegíveis para PrEP, o fato de uma maior incidência de IST nas classes 2 e 3 deveria ser um indicativo daqueles para quem a profilaxia precisa ser priorizada.
Link para o artigo: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0284056