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Taxas de incidência do HIV e de supressão viral não melhoram em HSH na África

Não há progresso aparente nas taxas de incidência do HIV e de supressão viral entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) do continente africano. Essa é a principal conclusão de um grande estudo de revisão sistemática, liderado por James Stannah, da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá,  divulgado em 12 de julho de 2023, na revista The Lancet HIV.

A análise revisou 153 estudos, abrangendo 31 países africanos, publicados de 2005 a 2022 (71% de 2011 a 2020). No geral, 34% dos trabalhos foram realizados na África Ocidental, 33% na África Oriental e 26% na África Austral, restando uma quantidade reduzida de estudos na África Setentrional e Central. Em 100 análises, conduzidas em 23 países, as relações entre pessoas do mesmo sexo eram proibidas pelas leis locais.

A proporção de HSH que fizeram o teste de HIV nos 12 meses anteriores à inclusão nos estudos aumentou de 50% em 2010 para 82% em 2020. O número de participantes que realizaram o teste após a inclusão cresceu de 64% para 73% no mesmo período. O conhecimento do status de HIV subiu de 19% para 51% entre 2010 e 2020 e a utilização de medicamentos antirretrovirais aumentou de 14% para 73% no mesmo intervalo de tempo.

Em 2020, os pesquisadores estimaram em 69% a taxa de supressão viral entre todos os HSH que viviam com HIV na África, em 75% entre os HSH que tinham consciência de seu status sorológico e em 91% entre os HSH que tomavam medicamentos antirretrovirais. Não foram encontradas evidências que comprovassem um aumento da taxa de supressão viral em HSH do continente ao longo da década anterior.

Também em 2020, foram registrados 6,9 novos casos de HIV por 100 pessoas-ano de acompanhamento, sem provas conclusivas de que esse número tivesse diminuído significativamente desde 2010. Os HSH da África Oriental e Austral tinham uma incidência de HIV quase 30 vezes maior em comparação com seus pares de outras regiões africanas.

Os autores do estudo apontam que intervenções adaptadas às necessidades de prevenção do HIV entre HSH do continente africano são urgentes para aumentar o acesso aos medicamentos antirretrovirais, elevar as taxas de supressão viral, além de reduzir as desigualdades sociais na incidência do vírus na região.

Fonte: site da The Lancet HIV, de 12 de julho de 2023.

(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(23)00111-X/fulltext#%20)