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Homem alemão permanece livre do HIV dez anos após transplante de células-tronco

Um homem da cidade de Düsseldorf, na Alemanha, que recebeu um transplante de células-tronco de um doador resistente ao HIV e interrompeu a terapia antirretroviral (TARV) há mais de quatro anos, permanece indetectável e foi declarado curado pelos médicos. Essa foi a principal notícia de um estudo, liderado por Björn-Erik Jensen, da Faculdade de Medicina de Düsseldorf, apresentado em forma de pôster na 30ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro de 2023, em Seattle, nos Estados Unidos. A análise também foi publicada, em 20 de fevereiro deste ano, na revista Nature Medicine.

O paciente, agora com 53 anos, foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda (um câncer que oferece risco de vida), em 2011, apenas alguns meses após iniciar a TARV. Em fevereiro de 2013, recebeu transplante de células-tronco de um doador com uma rara mutação genética, que deleta os receptores que a maioria das cepas do HIV usa para entrar nas células CD4. Como consequência, as células doadas deram ao receptor um novo sistema imunológico resistente ao vírus.

Depois de cinco anos com HIV indetectável, o homem e a equipe médica que o acompanha decidiram tentar uma interrupção da TARV monitorada de perto. Desde então, testaram o sangue do paciente usando ensaios ultrassensíveis e, embora tenham visto “traços esporádicos” do DNA do HIV, não encontraram nenhuma evidência de replicação competente do vírus.

O homem tem ativação imunológica de baixo nível e diminuição das respostas de anticorpos específicos para o HIV e células T, indicando uma falta de produção contínua de antígenos virais. Agora, após mais de quatro anos de testes extensivos, os médicos se sentiram seguros para afirmar que ele está curado.

“Após pesquisa intensiva, podemos confirmar que é totalmente possível prevenir a replicação do HIV de forma sustentável, combinando dois métodos principais”, afirma Jensen. “Por um lado, temos o esgotamento extensivo do reservatório do vírus nas células imunológicas de vida longa e, por outro lado, a transferência da resistência ao HIV do sistema imunológico do doador para o receptor, garantindo que o vírus não tenha chance de se espalhar novamente”, complementa.

Fonte: site da revista Nature Medicine, de 20 de fevereiro de 2023.

Link para o estudo: (https://www.nature.com/articles/s41591-023-02213-x)