HIV, IST e Outros

A taxa de defeitos do tubo neural em bebês não é maior com o dolutegravir

O tratamento com dolutegravir no período da concepção não está associado a um risco elevado de defeito do tubo neural em bebês expostos ao medicamento, concluiu o relatório de vigilância do estudo Tsepamo, realizado em Botsuana e conduzido por Rebecca Zash, da Botsuana Harvard AIDS Institute Partnership. As descobertas, relatadas na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto, apresentaram novas garantias de que mulheres em idade fértil podem receber o tratamento antirretroviral à base de dolutegravir da mesma maneira que outros adultos e crianças.

Suspeitas de risco aumentado de defeito do tubo neural em bebês afetaram o acesso ao dolutegravir. Pesquisas recentes apontaram que em 11 países de média e baixa renda as mulheres eram substancialmente menos propensas a iniciar o tratamento com o medicamento quando comparadas aos homens. No entanto, os dados de vigilância do Tsepamo mostraram que o risco de defeito do tubo neural associado ao dolutegravir era menor do que o relatado anteriormente. Apoiada nessa descoberta, a Organização Mundial da Saúde recomendou o tratamento com o medicamento para todos, incluindo mulheres em idade fértil, em suas diretrizes atualizadas.

Na AIDS 2022, Zash relatou que durante o período de acompanhamento, realizado de março de 2021 a março de 2022, 32.819 recém-nascidos foram registrados, incluindo 3.600 de mulheres que estavam tomando o dolutegravir no momento da concepção. No total, 16 defeitos do tubo neural foram identificados, sendo um em um bebê exposto ao medicamento na concepção, um em um recém-nascido exposto ao dolutegravir durante a gestação, três em bebês expostos à terapia antirretroviral com outros medicamentos e 11 em crianças nascidas de mães HIV negativas.

A diferença na prevalência de defeitos do tubo neural entre bebês nascidos de mães que tomavam o dolutegravir na concepção e recém-nascidos de mães sem HIV foi de 0,04%. A diferença na prevalência de defeitos do tubo neural entre bebês nascidos de mulheres que usavam o dolutegravir na concepção e mães que tomavam o efavirenz na concepção foi de 0,03%. Não houve diferença na taxa de defeitos do tubo neural entre recém-nascidos de mulheres que usavam o dolutegravir na concepção ou que iniciaram o tratamento durante a gravidez.

Desde que a vigilância começou, em 2014, dez defeitos do tubo neural foram identificados em 9.460 bebês expostos ao dolutegravir na concepção, o que representa uma taxa de 0,11%. Esse número se compara a uma taxa de também 0,11% entre recém-nascidos expostos a outros medicamentos antirretrovirais na concepção e de 0,07% em bebês de mães HIV negativas.

Fonte: site da AIDS 2022, de 2 de agosto de 2022.

(https://programme.aids2022.org/Abstract/Abstract/?abstractid=12759)