PrEP: tecnologia de prevenção

Cerca de 40% dos usuários de PrEP param de tomá-la após seis meses, revela metanálise

Uma metanálise de 59 estudos sobre a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, liderada por Weiming Tang, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), descobriu que cerca de 41% das pessoas que iniciam o tratamento com o medicamento o interrompem em até seis meses. O trabalho foi publicado, em 20 de abril, na revista The Lancet HIV.

Os estudos envolveram um total de 43.917 pessoas. Cinquenta e cinco ensaios eram observacionais da “vida real”, em oposição a quatro controlados e randomizados. A descontinuidade foi definida como relatos de interrupção da profilaxia ou falha na reposição das prescrições.

A maioria dos estudos foi desenvolvida na América do Norte (54%) e África Subsaariana (22%). Cerca de 10% se realizaram na Ásia e na Europa e 4% na América do Sul. Quase metade dos estudos (47%) foi feita exclusivamente com homens gays e bissexuais/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans.

Somando-se todas as regiões, a taxa de descontinuidade do uso da PrEP entre HSH e mulheres trans foi de 31%. A interrupção foi ainda maior entre homens e mulheres heterossexuais (72%), em usuários de drogas injetáveis (62%), em mulheres profissionais do sexo (51%) e em ensaios exclusivos com mulheres e adolescentes (43%). Vale ressaltar que o número de estudos envolvendo alguns desses grupos foi reduzido. Houve apenas um ensaio com usuários de drogas e três que englobaram profissionais do sexo.

Seis estudos ofereceram regimes da profilaxia não diários e sob demanda (PrEP 2+1+1) para HSH e mulheres trans. As taxas de descontinuidade foram notavelmente mais baixas na PrEP 2+1+1:  cerca de 17% dos usuários dessa modalidade da profilaxia interromperam o uso do medicamento. Em contrapartida, 31,5% das pessoas que usavam a PrEP diária deixaram de tomá-lo.

As taxas de interrupção foram maiores na África Subsaariana (47,5%). Nas outras regiões, esse número ficou em 38% na América do Norte, 33% na Ásia, 17% na Europa e 9% na América do Sul.

“Cerca de 70% dos usuários da profilaxia tiveram adesão abaixo da ideal no período de seis meses após o início do uso do medicamento”, afirmou Tang. Os autores também observaram que o índice de reiniciação foi de quase 50% no longo prazo. De acordo com eles, estratégias para incentivar o reinício da PrEP devem ser o foco de futuros estudos de implementação.

Fonte: site do The Lancet HIV, de 20 de abril de 2022.

(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(22)00030-3/fulltext)