PrEP, HSH e trans

Impacto da Covid-19 e resposta à pandemia em HSH, travestis e mulheres trans em uma coorte de PrEP do Brasil, Peru e México – o estudo ImPrEP

A pandemia da Covid-19 e as medidas de controle afetaram significativamente a vida de gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans latino-americanos, embora o impacto possa variar de acordo com as respostas de cada país.

Essa é a principal conclusão do estudo “Impacto da Covid-19 e resposta à pandemia em HSH, travestis e mulheres trans em uma coorte de PrEP do Brasil, Peru e México – o estudo ImPrEP”, conduzido por Thiago Torres e pesquisadores do grupo de estudo ImPrEP*. A análise foi apresentada em forma de pôster na 11ª Conferência sobre a Ciência do HIV (IAS 2021),  promovida virtualmente pela International Aids Society, de 18 a 21 de julho.

De acordo com o trabalho, as respostas locais à pandemia foram determinantes: o Brasil, por exemplo, não realizou lockdowns e apostou na telemedicina, enquanto o Peru contou com bloqueios mais rígidos.

Os participantes do estudo ImPrEP foram convidados a responder a uma pesquisa (3.211 indivíduos completaram o questionário), de agosto de 2020 a janeiro de 2021, sobre o impacto da pandemia e as medidas de controle sobre sua vida pessoal, saúde mental, comportamento sexual e uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. Modelos de regressão logística foram ajustados por idade, sexo e educação para avaliar os fatores associados à interrupção do uso da PrEP durante o período pandêmico inicial.

A idade média dos participantes foi de 31 anos, a maioria sendo HSH (95%), não branca (71%) e com ensino médio superior (79%). Os respondentes peruanos relataram maior impacto em relação à pandemia em sua vida pessoal, incluindo economia, acesso a alimentos e desafios na busca aos cuidados de saúde.

Já os brasileiros informaram mais problemas de saúde mental, com citação ao aumento do uso de substâncias. Um número maior de mexicanos apontou diminuição na frequência de atividade sexual, embora a quantidade de parceiros casuais e de sexo anal receptivo sem preservativo tenha sido superior às de Brasil e Peru.

Um total de 1.070 (33,3%) interromperam a PrEP nesse período, e os principais motivos foram não ter um parceiro fixo vivendo com HIV e não manter relações sexuais durante esse período.

*Autores do trabalho

Thiago Torres (1), Brenda Hoagland (1), Kelika Konda (2), E.H. Vega-Ramirez (3), Juan V. Guanira (2), Helen Vermandere (4), Ronaldo Ismerio Moreira (1), Igor C. Leite (5), Cristina Pimenta (6), Marcos Benedetti (1) Sergio Bautista (4), Beatriz Grinsztejn (1), CarlosCaceres (2) e Valdiléa Veloso (1), do grupo de estudo ImPrEP

(1)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz-Brasil; (2)Universidade Peruana Cayetano Heredia-Peru; (3) Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz-México; (4) Instituto Nacional de Saúde Pública-México; (5) Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz-Brasil; (6) Ministério da Saúde do Brasil