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AIDS 2024: Uso de estimulantes e seus correlatos em populações de HSH e de mulheres transgênero: análise em um contexto multinacional – o Estudo ImPrEP

A utilização de substâncias está diretamente ligada ao aumento da vulnerabilidade ao HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero. É essencial identificar as substâncias mais usadas para entender o impacto do consumo na adesão a medidas de prevenção, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a DoxyPEP.

Conduzida por Carolina Coutinho, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, Brasil, e pelo Grupo de Estudos ImPrEP*, uma análise avaliou os fatores associados ao uso de substâncias entre HSH e mulheres trans da América Latina. O trabalho foi apresentado, em forma de pôster, na 25ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2024), realizada, de 22 a 26 de julho, em Munique, na Alemanha.

A pesquisa incluiu, de 2018 a 2021, um total de 9.509 participantes que frequentavam clínicas de HIV/IST do Brasil, México e Peru (3.928 brasileiros, 3.288 mexicanos e 2.293 peruanos). Os fatores associados ao uso de substâncias, incluindo estimulantes como ecstasy, dietilamida do ácido lisérgico e cocaína (pó, crack ou pedra), foram identificados por meio do modelo de Poisson.

No geral, 94,3% dos voluntários eram HSH cisgênero e 5,7% mulheres trans. Pouco mais de um quarto (26,1%) tinham de 18 a 24 anos, 32,2% possuíam de 25 a 34 anos e 41,7% eram maiores de 34 anos. A maioria (73,1%) se dizia negra/parda/mestiça e 81,5% haviam concluído o ensino médio.

As substâncias mais prevalentes nos três países foram o álcool (73,2% no Peru, 65,3% no Brasil e 61,1% no México), a maconha (46,3% no México, 28,4% no Brasil e 16,5% no Peru) e os estimulantes (27% no México, 18,2% no Brasil e 6,1% no Peru). A utilização de estimulantes foi maior no México e menor no Peru, em comparação com o Brasil.

Os fatores mais associados ao uso de estimulantes incluíam ser branco, ter educação primária completa, possuir múltiplos parceiros sexuais, praticar sexo anal receptivo sem preservativo, realizar sexo transacional e consumir álcool em excesso. Buscar PrEP e ser mais jovem foram considerados fatores menos associados à utilização de estimulantes.

Segundo os autores, os HSH e as mulheres trans na América Latina apresentaram alta prevalência de uso de substâncias. Eles ressaltam a necessidade de intervenções personalizadas e abrangentes, incorporando estratégias de redução de danos, suporte à saúde mental e à adesão à PrEP.

*Autores:

Carolina Coutinho (1), Hamid Vega-Ramirez (2), Thiago Torres (1), Iuri Leite (1), Pedro Leite (1), Ronaldo Moreira (1), Kelika Konda (3), Brenda Hoagland (1), Rebeca Robles-Garcia (2), Juan Guanira (3), Sergio Bautista-Arredondo (4), Heleen Vermandere (4), Marcos Benedetti (1), Cristina Pimenta (1), Beatriz Grinsztejn (1), Carlos Cáceres (3) e Valdiléa G. Veloso (1), do Grupo de Estudos ImPrEP

1 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

2 – Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz, Divisão de Epidemiologia e Pesquisa Psicossocial, Cidade do México, México

3 – Universidade Peruana Cayetano Heredia, Centro de Estudos Interdisciplinares em Sexualidade, Aids e Sociedade, Lima, Peru

4 – Instituto Nacional de Saúde Pública, Morelos, México.