AIDS 2020: HSH de alto risco de contrair HIV da América Latina preferem PrEP de ação prolongada
Novos casos de HIV continuam a crescer na América Latina. Enquanto alguns países estão aumentando lentamente o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) oral diária, outros esquemas da profilaxia permanecem em desenvolvimento.
O trabalho “HSH de alto risco de contrair HIV da América Latina preferem PrEP de ação prolongada”, assinado pela equipe ImPrEP* e disponibilizado em forma de pôster na 23ª Conferência Internacional de Aids (AIDS 2020, julho, EUA), buscou avaliar preferências entre as modalidades de PrEP e fatores associados entre HSH do Brasil, México e Peru.
De março a maio de 2018, gays/homens que fazem sexo com homens (HSH) foram recrutados, por meio de anúncios em aplicativos de encontros (Grindr e Hornet) e no Facebook, para participarem de uma pesquisa na web. A população a ser atingida era a de HSH cisgêneros, maiores de 18 anos e HIV negativos (autorrelato).
As preferências para as modalidades de PrEP foram avaliadas por meio da questão: “Se todas essas formas de PrEP estivessem disponíveis, classifique de um (maior preferência) a três (menor preferência), ou seja, oral, eventual (sob demanda) e injetável”. Modelos de regressão logística multivariáveis avaliaram os fatores associados a cada modalidade.
Um total de 19.457 HSH preencheu o questionário (58%, 31% e 11% do Brasil, México e Peru, respectivamente) e a idade média foi de 28 anos. No geral, a PrEP injetável foi a primeira opção para 42% dos entrevistados, seguida pela oral (35%) e eventual (23%). A preferência pela profilaxia oral esteve associada aos de idade mais jovem, menor renda e menor escolaridade. Não ter realizado nenhum teste prévio de HIV, declarar maior número de parceiros sexuais e ter consumo excessivo de álcool foram associados à preferência pela PrEP injetável.
Entre as conclusões, o fato de a PrEP injetável de ação prolongada ser a modalidade preferida por HSH com alto risco de HIV da América Latina, enquanto indivíduos com menos parceiros sexuais preferiram a PrEP eventual. O estudo aponta, ainda, a necessidade de haver maior divulgação sobre as diversas modalidades de PrEP na região, especialmente entre jovens HSH de baixa renda e com menor escolaridade, potencialmente os que mais poderiam se beneficiar do esquema injetável.
Para acessar o material apresentado na conferência: http://programme.aids2020.org/Abstract/Abstract/2779
*Autores do trabalho assinado pela equipe de estudos ImPrEP: Thiago Torres (1), Lara Coelho (1), Kelila Konda (2), E. Hamid Vega-Ramirez (3), Oliver Elorreaga (2), Dulce Diaz-Sosa (3), Brenda Hoagland (1), Juan Vicente Guanira (2), Cristina Pimenta (4), Marcos Benedetti (1), Beatriz Grinsztejn (1), Carlos Cáceres (2) e Valdiléa Veloso (1)
(1) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz – RJ, Brasil
(2) Universidade Peruana Cayetano Heredia
(3) Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, México
(4) Ministério da Saúde do Brasil