HIV, IST e Outros

Infecção avançada pelo HIV: maior probabilidade entre homens e pessoas mais velhas na África

Estudo conduzido por Dominik Stlezle, da Organização Mundial da Saúde, sediada em Genebra, na Suíça, e outros pesquisadores, aponta que os homens e as pessoas mais velhas do continente africano têm uma probabilidade maior de desenvolver uma infecção avançada pelo HIV do que as mulheres e as pessoas mais novas. Os resultados do ensaio foram apresentados na 31ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 3 a 6 de março, em Denver, nos Estados Unidos.

De 2016 a 2021, foram incluídas no estudo 21.816 pessoas que vivam com HIV e residiam em Camarões, Costa do Marfim, Etiópia, Malawi, Moçambique, Uganda, Zâmbia e Zimbábue. A maioria era do sexo feminino (65%) e morava em zonas rurais (55%). Cerca de 70% estavam em uso da terapia antirretroviral (TARV) e, dessas, aproximadamente 90% tinham o vírus suprimido (carga viral abaixo de 200 cópias/ml).

Durante o estudo, 2.172 voluntários (quase 10% da amostra) apresentaram uma contagem de CD4 inferior a 200 cópias/mm³ e foram diagnosticados com infecção avançada pelo HIV. A contagem média de CD4 na análise foi de 483 cópias/mm³.

Ao final do período de acompanhamento, os pesquisadores observaram uma associação relevante entre a infecção avançada pelo HIV e a idade dos participantes: pessoas mais velhas, de 30 a 50 anos, possuíam até duas vezes mais chances de desenvolver uma infecção avançada pelo HIV quando comparadas com as mais jovens, de 15 a 29 anos.

No entanto, a diferença mais significativa foi observada entre os gêneros: os homens tinham uma probabilidade consideravelmente maior de serem diagnosticados com infecção avançada pelo HIV do que as mulheres (15% contra 6%). Essa porcentagem se manteve praticamente inalterada independentemente da faixa etária, do país de origem ou da área de habitação, rural ou urbana, dos voluntários.

Segundo os autores, apesar de serem minoria no estudo, os homens apresentaram uma maior prevalência de complicações em virtude do vírus, pelo não uso da TARV ou pela descontinuidade do tratamento com maior frequência. Eles afirmam que o teste de contagem de CD4 e os cuidados básicos de saúde são cruciais para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz da infecção avançada pelo HIV.

Fonte: site da CROI, de 4 de março de 2024.

(https://www.croiconference.org/abstract/high-prevalence-of-advanced-hiv-disease-in-sub-saharan-africa-an-analysis-of-11-household-surveys/)