Cabotegravir e rilpivirina injetáveis são tão eficazes quanto o tratamento oral padrão para o HIV
A terapia antirretroviral (TARV) baseada no cabotegravir e na rilpivirina injetáveis revelou-se tão eficaz na manutenção da supressão viral quanto o tratamento oral padrão com outras substâncias, concluiu um estudo conduzido por Nicholas Paton, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, e demais pesquisadores. A análise foi apresentada na 31ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 3 a 6 de março, em Denver, nos Estados Unidos.
De 2021 a 2023, foram inscritos 512 adultos vivendo com HIV, que tinham cargas virais suprimidas há pelo menos quatro meses, por meio da terapia antirretroviral padrão. Os participantes residiam no Quênia (162), na África do Sul (106) e em Uganda (244).
A população da pesquisa era predominantemente feminina (57%), com média de idade de 42 anos, em uso da TARV há, em média, oito anos, Quase 75% já haviam tomado um inibidor não nucleosídeo da transcriptase no passado e 92% um inibidor da integrase no momento da inclusão no estudo.
Os participantes foram randomizados para receber a TARV com cabotegravir e rilpivirina injetáveis a cada oito semanas ou o tratamento oral padrão baseado em tenofovir, lamivudina, dolutegravir, efavirenz ou nevirapina. Durante o período de acompanhamento, todos foram submetidos a testes de carga viral nas semanas 12, 24 e a cada 24 semanas daí em diante.
As proporções de indivíduos com carga viral suprimida (abaixo de 50 cópias/ml) ao final da análise foram praticamente idênticas: 96,9% no braço do cabotegravir e rilpivirina injetáveis e 97,3% no braço do tratamento oral padrão. Apenas um caso de falha virológica foi confirmado em uma pessoa sem atraso nas injeções e sem mutações de resistência. Os demais casos foram registrados em participantes que não apresentaram uma adesão perfeita aos medicamentos.
Para os autores, as conclusões do estudo são um passo importante na discussão do papel do cabotegravir e da rilpivirina injetáveis no tratamento do HIV. Afirmam, porém, que ainda existe um longo caminho até que a utilização dessas substâncias se traduza em uma recomendação formal da Organização Mundial da Saúde.
Fonte: site da CROI, de 4 de março de 2024.