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ImPrEP CAB Brasil realiza capacitação para membros do seu Comitê Consultivo Assessor

O ImPrEP CAB Brasil promoveu, em 23 de fevereiro de 2024, a primeira capacitação, em formato virtual, para membros do seu Comitê Comunitário Assessor (CCA). Além da equipe do projeto, participaram do encontro Matheus Cortes, de São Gonçalo (RJ), Francisco Sena, de Salvador (BA), Antonia Moreira, de Campinas (SP), e Fabrício Bogas, de Florianópolis (SC), integrantes do CCA indicados pelos centros de estudo ImPrEP.

Após a abertura a cargo do gerente do projeto, Marcos Benedetti, a palavra foi passada à coordenadora clínica do ImPrEP CAB Brasil, Brenda Hoagland,  que apresentou dados referentes à epidemia de HIV no Brasil, na América Latina e no mundo. Ela ressaltou que, em 2022, eram mais de 39 milhões de pessoas infectadas pelo vírus em todo o planeta e que gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans ainda são proporcionalmente as populações mais afetadas.

Em seguida, Brenda falou sobre a eficácia da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade oral diária, baseada no fumarato  de tenofovirdesoproxila combinado com entricitabina (TDF/FTC), e mostrou informações relativas ao estudo PrEP Brasil, realizado no país entre 2014 e 2016. Prosseguiu exibindo dados da primeira fase do estudo ImPrEP que tinha como objetivo a implementação do medicamento oral no Brasil, no Peru e no México, com oferta ainda na primeira visita do usuário. A coordenadora discorreu sobre a população do estudo (HSH e mulheres trans), a perda de acompanhamento precoce, os desafios atuais da PrEP oral, números da profilaxia na América Latina e no Caribe e as preferências de PrEP.

A PrEP injetável de longa duração, baseada no cabotegravir (CAB-LA), foi o assunto seguinte da apresentação de Brenda. Ela falou sobre os estudos HPTN 083 e HPTN 084, realizados com HSH/mulheres trans e mulheres cis, respectivamente, e destacou a segurança e a eficácia elevada do medicamento nessas populações.

Brenda encerrou sua apresentação com informações relativas ao estudo ImPrEP CAB Brasil, que está em andamento e visa propiciar a escolha entre as modalidades oral e injetável a usuários interessados em PrEP, bem como levantar subsídios para uma possível inserção do CAB-LA como mais uma alternativa de prevenção ao HIV no SUS. Ela elencou os objetivos do estudo, os critérios de inclusão e exclusão e mostrou dados sobre o número de participantes já incluídos, de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024, com destaque para os quase 350 voluntários que optaram pela PrEP injetável.

Depois de Brenda, foi a vez de Julio Moreira, coordenador comunitário do ImPrEP CAB Brasil para a população HSH, falar sobre o trabalho de educação comunitária. Ele destacou a importância dos educadores e das educadoras de pares para a disseminação da informação sobre prevenção combinada e para a criação de ambientes acolhedores para os participantes do estudo. Brenda complementou, ressaltando que esses profissionais são fundamentais por compreenderem a linguagem dos usuários de PrEP e por facilitarem a entrada da população nos serviços de saúde.

Com a palavra, o CCA

Após a fala de Julio, foi a vez dos membros do CCA fazerem perguntas. Antonia foi a primeira a se manifestar e quis saber sobre a distribuição desigual de PrEP entre os estados brasileiros, sobretudo na região nordeste, e sobre a realização de testes de infecções sexualmente transmissíveis (IST), como clamídia e gonorreia. Brenda respondeu que, infelizmente, o medicamento é distribuído de forma desigual no território nacional, com um volume maior concentrado na região sudeste. Também informou que os testes de IST são realizados em conjunto com os testes de HIV, pois as infecções podem ocorrer de forma concomitante.

Matheus perguntou se era verdadeira a informação de que o TDF/FTC sobrecarregava os rins dos usuários da profilaxia e se havia algum risco do CAB-LA sobrecarregar o fígado. Brenda explicou que isso pode acontecer apenas entre as pessoas que vivem com HIV e utilizam os medicamentos como terapia antirretroviral. Ela informou que, de acordo com os testes de segurança, esse risco é praticamente nenhum para os usuários de PrEP.

No encerramento da reunião, Francisco quis saber sobre as possibilidades de atuação do CCA. Luciana Kamel, assessora de educação comunitária do ImPrEP CAB Brasil, destacou que o comitê é importante para trazer para dentro do projeto questões comunitárias que, muitas vezes, não são plenamente perceptíveis e para ajudar a transformar as várias formas de prevenção do HIV existentes em ferramentas mais acessíveis à população em geral.