Em 10 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Para refletir sobre esse tema e sua relação com o HIV, Milton Wainberg, da Universidade Colúmbia, e outros autores publicaram um texto na edição de outubro de 2023 do Journal of the International AIDS Society acerca de como as conquistas na resposta global ao HIV das últimas décadas têm se enfraquecido com o aumento recente no número de novos casos de distúrbios mentais.

Questões de saúde mental são comuns entre pessoas que vivem com HIV, e tal associação é muitas vezes negligenciada em programas de assistência e tratamento. Os autores mencionam múltiplos estudos feitos na África que estimam uma prevalência de efeitos sobre a saúde mental entre essa população, que vai de 19% a 50%, principalmente com casos de depressão e ansiedade. Além dos efeitos sobre o bem-estar, o quadro leva a uma baixa adesão aos medicamentos antirretrovirais ou mesmo ao não tratamento do HIV.

Instituições como a Organização Mundial da Saúde e o UNAIDS (Programa Conjunto da ONU para o HIV) recentemente lançaram novas diretrizes sobre a integração de serviços de saúde mental aos programas de tratamento. Novos esforços, contudo, são necessários, em especial por parte de gestores de políticas públicas de saúde, para conter o aumento de novas infecções e contribuir para a qualidade de vida de pessoas com HIV. 

Os autores do texto concluem que “até que possamos promover o mesmo nível de comprometimento político e financeiro para tratar a depressão, a ansiedade e o abuso de substâncias em pessoas vivendo com HIV, como o que temos dedicado para garantir acesso equitativo a medicamentos antirretrovirais, continuaremos deixando pessoas para trás na resposta ao HIV”.

Link para o artigo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26183