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Características de mulheres cisgênero e transgênero infectadas por mpox no Rio de Janeiro

O recente surto de monkeypox (mpox) em 2022 teve sua incidência maior entre homens cisgênero. Apesar do número menor entre mulheres, dados sobre infecções entre a população feminina são fundamentais para entender e prevenir novas infecções.

Publicado na edição de novembro/dezembro de 2023, no periódico Travel Medicine and Infectious Disease, um estudo comparou características de indivíduos que testaram positivo para mpox no Rio de Janeiro de acordo com o gênero, buscando ressaltar o perfil de mulheres cisgênero e transgênero infectadas. O artigo foi conduzido por Carolina Coutinho e outros estudiosos do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz (RJ), e outras instituições*.

Até dezembro de 2022, 1.306 casos de mpox foram reportados no Rio de Janeiro. Deste total, 1.188 eram homens (1.186 cis e 2 trans), 108 mulheres (94 cis e 14 trans) e 10 pessoas não-binárias. Em comparação com os homens, as mulheres infectadas tendiam a ser mais velhas (40 anos ou mais), possuir menos parceiros sexuais e ter tido contato não sexual com pessoas infectadas por mpox. Quanto aos sintomas, mulheres infectadas apresentaram menos lesões genitais e outros sintomas, sendo que oito (cis) foram hospitalizadas. Nenhuma morte ocorreu devido à mpox por mulheres, ao passo que, durante o mesmo período, cinco mortes ocorreram no Rio de Janeiro entre homens.

O artigo conclui que mulheres diagnosticadas com mpox apresentaram um perfil epidemiológico, comportamental e clínico significativamente distinto em relação aos homens. Além de uma menor prevalência e menor chance de desenvolver quadros graves de mpox, a infecção entre mulheres teve maior probabilidade de ocorrer por contato não sexual. Tais diferenças de gênero deveriam ser levadas em conta pelos serviços de saúde para encontrar meios mais eficazes de evitar novas infecções.

Link para o artigo:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1477893923001230?via%3Dihub

Autores do artigo:

Carolina Coutinho (1), Mayara Secco (1), Thiago Torres (1), Eduardo Peixoto (1,2), Monica  Magalhães (3), Sandra Cardoso (1), Gabriela Nazário (4), Maíra Mendonça (4), Mariana Menezes (4), Paula Almeida (4), Paula de Carvalho (2), Shenon Bedin (4), Aline  Almeida (4), Silvia Carvalho (4), Valdiléa Veloso (1), Beatriz Grinsztejn (1) e Luciane Velasque (3, 4).

(1) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,  Brasil 
(2) Departamento de Matemática e Estatística, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,  Rio de Janeiro, Brasil               
(3) Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,  Brasil

(4) Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.