França reduz tempo entre diagnóstico do HIV e supressão viral
O tempo médio entre o diagnóstico do HIV e a supressão viral foi reduzido drasticamente na França durante os últimos anos. Conduzido por Lise Cuzin, da Universidade de Toulouse, um grande estudo francês publicou seus resultados na revista Clinical Infectious Diseases, na edição de 4 de setembro de 2023.
De 2009 a 2019, 29 clínicas francesas e duas de seus territórios ultramarinos contribuíram para a pesquisa. Foram analisadas informações diversas de 16.864 pacientes cadastrados imediatamente após o diagnóstico do HIV.
Durante o período 2018-2019, a proporção de diagnósticos do vírus em gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) nascidos na França caiu substancialmente (de 35% para 25%) em comparação com os diagnósticos de HIV na mesma população no período 2009-2011. De acordo com os pesquisadores, esses dados refletem o impacto positivo do conceito de indetectável = intransmissível (I = I) e da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV.
Em contrapartida, a proporção de diagnósticos do vírus em HSH estrangeiros mais que duplicou (de 6% para 13%) na comparação entre 2009-2011 e 2018-2019. Para os autores do estudo, esses números apontam, em relação a essa população, para uma crescente aceitação do teste de HIV, mas sugerem uma baixa adesão à PrEP e demais ferramentas de prevenção, alémde desconhecimento do conceito de I = I.
Voltando-se para a cascata de cuidados com o vírus, os pesquisadores descobriram que, durante o período de acompanhamento, 15.110 pacientes iniciaram a terapia antirretroviral. Desses, 14.392 (95%) alcançaram rapidamente a supressão viral e 11.970 (83% de 14.392) ainda eram capazes de manter o HIV indetectável após um ano.
Entre os 16.864 participantes do estudo, o tempo médio entre o diagnóstico do HIV e a supressão viral diminuiu de 254 dias em 2009-2011 para 73 dias em 2018-2019. Em outras palavras, uma redução de pouco mais de oito meses para menos de dois meses e meio.
Segundo os autores, resultados como esses são possíveis apenas em países que possuem acesso irrestrito aos cuidados de saúde e que tomam decisões políticas seguindo com rigor as evidências científicas. No entanto, destacam a importância de novas estratégias de incentivo à testagem do HIV com objetivo de enfrentar o desafio do atraso no diagnóstico do vírus.
Fonte: site da Clinical Infectious Diseases, de 4 de setembro de 2023
https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciad530/7259288?login=false