Um grande estudo internacional, apresentado na 23ª Conferência da International AIDS Society sobre Ciência do HIV (IAS 2023), realizada de 23 a 26 de julho, em Brisbane, na Austrália, descobriu que os inibidores da integrase aumentam o risco do desenvolvimento de diabetes, independentemente de um provável ganho de peso proporcionado pelo medicamento. A análise foi conduzida por Dhanushi Rupasinghe, da Universidade de New South Wales, em Sydney, na Austrália.

Realizada de janeiro de 2012 a dezembro de 2019, em diversos países da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália, a pesquisa incluiu 20.865 pessoas que foram acompanhadas em média por 4,8 anos. A mediana de idade dos participantes foi de 45 anos no início do estudo, sendo 74% do sexo masculino, 73% brancos, com contagem média de CD4 ao longo do ensaio de 551 células/mm³ e com 77% apresentando carga viral indetectável quando começaram o acompanhamento. O nível médio de glicose no sangue foi de 5,1 mmol/l.

Durante a análise, 4% desenvolveram diabetes, definida como uma medição de glicose no sangue superior a 11,1 mmol/l. A taxa de incidência da doença foi de 7,8 casos por 1.000 pessoas-anos de acompanhamento.

Os negros tinham um risco 78% maior de apresentar diabetes do que os brancos. Entre os participantes com contagens de CD4 abaixo de 200 células/mm³, a chance de desenvolver a doença era 2,24 vezes maior em comparação àqueles com contagens de CD4 acima de 350 células/mm³. Os indivíduos que possuíam pressão arterial alta apresentavam um risco 43% maior de serem diagnosticados com diabetes.

O tratamento com um inibidor da integrase aumentou a chance da doença em 48% em comparação com outras classes de medicamentos antirretrovirais. O risco de diabetes não foi afetado pelo uso de tenofovir disoproxil (TDF) ou de tenofovir alafenamida (TAF).

De acordo com os autores, o estudo constatou também que, embora o ganho de massa corporal estivesse fortemente associado aos inibidores da integrase, esses medicamentos elevaram o risco da doença de forma praticamente igualitária em todas as faixas de peso.

Fonte: site da IAS 2023, de 26 de julho de 2023.

(https://programme.ias2023.org/Abstract/Abstract/?abstractid=2610)