Estudo investiga adesão e retenção de HSH à PrEP na África Subsaariana
Como muitos países da região da África Subsaariana estão dispostos a implementar a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV para gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), foram necessários dados atualizados para avaliar a viabilidade do medicamento na vida real dessas pessoas. Estudo conduzido por Souleymane Diabaté, da Universidade de Quebec, no Canadá, e publicado em 12 de junho de 2023 no Journal of the International AIDS Society, investigou a aceitação da profilaxia, a adesão, o uso de preservativos, a incidência de HIV e a prevalência de gonorreia e clamídia nessa população.
Durante a pesquisa, realizada de agosto de 2020 a agosto de 2021, em Benin, os participantes receberam uma combinação de entricitabina + fumarato de tenofovir desoproxila. No ato da inscrição, no sexto mês e no 12° mês, responderam a questionários presenciais, foram submetidos a exames físicos e recolheram amostras de sangue para testes de HIV, gonorreia e clamídia.
No total, 204 voluntários HIV negativos iniciaram a profilaxia com a PrEP e a maioria (80%) optou pela modalidade oral diária. As taxas de retenção nos meses três, seis, nove e 12 foram de, respectivamente, 96%, 88%, 86% e 85%. No sexto mês e no 12° mês, cerca de metade dos HSH em PrEP oral diária alcançou a adesão perfeita, ou seja, sete comprimidos consumidos nos sete dias da semana anterior. Para a profilaxia na modalidade sob demanda (PrEP 2+1+1), as taxas de adesão perfeita (últimos sete episódios sexuais de risco cobertos) no mesmo período foram de 81% e 80%, respectivamente.
O número médio de parceiros sexuais masculinos nos seis meses anteriores foi de 2,1 no início do ensaio e 1,5 no mês 12. O uso consistente de preservativo no mesmo período foi de 34% na inscrição, 37% no sexto mês e 36% no 12° mês. A prevalência de gonorreia e clamídia foi de 28% no começo da análise e 18% no mês 12. O estudo registrou apenas três soroconversões (incidência de 1,53 por 100 pessoas-ano).
De acordo com os autores, a introdução da PrEP na região é viável e tende a não resultar em um aumento significativo do sexo sem preservativo entre HSH. Intervenções adicionais, como o aconselhamento de adesão culturalmente adaptado, podem ser necessárias para otimizar os benefícios da profilaxia.
Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 12 de junho de 2023.