Maior adesão à PrEP por parte de HSH reduziria incidência do HIV em grandes centros do Brasil
É sabido que gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) brasileiros permanecem desproporcionalmente afetados pelo HIV. Contudo, estima-se que o aumento da adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV reduziria significativamente a incidência do vírus nessa população. Pesquisa liderada por Paula Luz, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e outros colaboradores*, no Rio de Janeiro, reuniu dados de estudos, como iPrEx, e literatura especializada para basear descobertas a respeito do tema em três cidades do país: Rio de Janeiro, Salvador e Manaus. A revista BMC Public Health publicou a análise em 13 de junho de 2023.
Depois de uma vasta investigação, realizada de 2019 a 2022, os pesquisadores concluíram que uma intervenção de PrEP no Rio de Janeiro, que captasse 10% da população HSH em 60 meses, reduziria a incidência do HIV em até 2,3%. Caso a captação atingisse 60% do mesmo público em 24 meses, a diminuição da incidência do vírus seria superior a 29%, taxa considerada altamente expressiva.
Ainda na capital fluminense, uma análise de sensibilidade (ferramenta que ajuda na elaboração de cenários possíveis) descobriu que a diminuição da média de idade no início do uso da profilaxia, de 33 para 21 anos, poderia reduzir a incidência do HIV na população HSH em cerca de 30%. Essa redução da média de idade também teria a capacidade de diminuir a taxa de descontinuidade da PrEP em quase 25%.
Os pesquisadores informaram que os resultados obtidos no Rio de Janeiro foram similares aos registrados em Salvador e Manaus.
Segundo os autores, direcionar a PrEP para jovens HSH pode minimizar a descontinuidade da profilaxia e elevar o impacto do medicamento, reduzindo consideravelmente a incidência do HIV nesse público.
Autores do artigo:
Paula Luz (1), Vijeta Deshpande (2), Pooyan Kazemian (3), Justine Scott (2), Fatma Shebel (2), Hailey Spaeth (2), Cristina Pimenta (4), Madeline Stern (2), Gerson Pereira (4), Claudio Struchiner (5), Beatriz Grinsztejn (1), Valdiléa Veloso (1), Kenneth Freedberg (2)
1 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil
2 – Medical Practice Evaluation Center, Hospiital Geral de Massachusettsl, Boston, EUA
3 – Departamento de Operações, Weatherhead School of Management, Ohio, EUA
4 – Ministério da Saúde, Brasília, Brasil
5 – Escola de Matemática Aplicada, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, Brasil
Fonte: site da BMC Public Health, de 13 de junho de 2023.
(https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12889-023-15994-0)