HIV, IST e Outros

TARV antes da concepção reduz risco de distúrbios de pressão arterial durante a gravidez

A relação gravidez e HIV continua sendo tema de constantes análises científicas. De acordo com estudo realizado na cidade de Western Cape, na África do Sul, fazer uso da terapia antirretroviral (TARV) antes da concepção reduz significativamente o risco do desenvolvimento de distúrbios da pressão arterial, como pré-eclâmpsia, durante a gravidez. A análise, liderada por Amy Slogrove, da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, foi publicada, em 12 de abril de 2023, na revista AIDS.

Durante os anos de 2018 e 2019, os pesquisadores analisaram a incidência de distúrbios da pressão arterial em 180.533 gestações em que os partos foram realizados nas unidades de saúde pública de Western Cape. Um distúrbio da pressão arterial durante a gravidez foi definido como um distúrbio ocorrido após a 20ª semana de gestação. Entre eles, hipertensão arterial transitória, hipertensão arterial durante a gravidez e pré-eclâmpsia.

Testes de HIV foram oferecidos na primeira consulta pré-natal e a aceitação foi considerada alta. Onze por cento das gestantes testadas viviam com HIV e faziam uso da TARV antes da concepção, 5% viviam com o vírus e começaram o tratamento durante a gravidez e 2% viviam com HIV e não tomavam medicamentos antirretrovirais. Oitenta e dois por cento eram HIV negativas.

A duração média do tratamento foi de 213 semanas entre as mulheres que estavam tomando a TARV antes da concepção e 21 semanas naquelas que iniciaram a terapia durante a gravidez. Em ambos os grupos, a maioria (79% e 91%, respectivamente) estava tomando tenofovir ou efavirenz como tratamento de primeira linha.

Um distúrbio da pressão arterial foi diagnosticado em 7,6% das gestações. Pouco menos de um quinto (19%) apresentava um diagnóstico pré-existente de pressão alta. A incidência de um distúrbio da pressão arterial foi maior em mulheres vivendo com HIV que não estavam em uso da TARV (9,8%) e menor em mulheres que iniciaram o tratamento antes da concepção (6,9%). Nas mulheres sem o vírus, a incidência foi de 7,7%.

O distúrbio da pressão arterial mais comum foi a pré-eclâmpsia, com quase metade (47%) do total de casos diagnosticados. A pré-eclâmpsia ocorreu com mais frequência em mulheres que viviam com HIV e não estavam em TARV ou naquelas que iniciaram a terapia durante a gravidez e com menos frequência em mulheres que faziam o tratamento antes da concepção.

Segundo os autores, em comparação com as mulheres sem o vírus, a prevalência de distúrbios da pressão arterial foi 10% menor em mulheres que viviam com HIV e tomavam TARV antes da concepção e 8% menor em mulheres que viviam com HIV e começaram o tratamento durante a gravidez.

Fonte: site da revista AIDS, de 12 de abril de 2023.

(https://journals.lww.com/aidsonline/Abstract/9900/Hypertensive_disorders_of_pregnancy_and_HIV_.205.aspx)