Cânceres não relacionados ao HIV aumentam em pessoas que vivem com o vírus na África do Sul
Cânceres não relacionados ao HIV estão se tornando mais comuns em pessoas que vivem com o vírus na África do Sul. Essa é a principal conclusão de um estudo, publicado em 3 de dezembro de 2022, na revista Clinical Infectious Diseases. A pesquisa, realizada de 2004 a 2018, foi conduzida por Yann Ruffieux, da Universidade de Berna, na Suíça.
A análise monitorou 5.222.827 de pessoas que viviam com HIV e realizaram pelo menos um exame laboratorial de detecção do vírus depois de 2004. Cerca de 70% dos participantes eram do sexo feminino e todos foram acompanhados por pelo menos 2,4 anos. A média de idade dos voluntários era de 33 anos no momento da inclusão.
Um total de 28.513 pessoas desenvolveram algum tipo de câncer. Desses, 19.749 eram cânceres não relacionados ao HIV e 8.764 relacionados ao vírus. O câncer cervical (7.418 casos) foi o mais diagnosticado, seguido pelo sarcoma de Kaposi (câncer que provoca lesões em tecidos moles), com 6.380 casos, e pelo câncer de mama (2.748 casos).
No geral, os cânceres relacionados ao HIV foram diagnosticados em participantes mais jovens do que os não relacionados ao vírus (39,2 anos contra 47,4 anos). O único câncer não relacionado ao HIV diagnosticado com uma média de idade inferior aos 40 anos foi a leucemia (36 anos). O câncer mais comum não relacionado ao vírus foi o de mama, diagnosticado com uma média de idade de 44 anos.
Alguns cânceres relacionados ao HIV ocorreram em voluntários jovens e com baixa contagem de CD4 (abaixo de 200 células/mm³). Foram os casos do linfoma não-Hodgkin (câncer no sistema linfático), do sarcoma de Kaposi e de cânceres conjuntivais (de olho), que atingiram seus picos em idades médias menores que 40 anos.
Segundo os autores, o uso do tabaco, que vem aumentando consistentemente na região da África Subsaariana nos últimos anos, pode ser apontado como um dos grandes responsáveis pelo aumento de casos de cânceres não relacionados ao HIV. Entre eles, o de pulmão é o mais comum.
Fonte: site da revista Clinical Infectious Diseases, de 3 de dezembro de 2022.
(https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciac925/6868995?login=false)