HIV, IST e Outros

Estudo revela relação entre mpox e infecção avançada pelo HIV em 19 países

“Monkeypox (mpox) em pessoas com infecção avançada pelo HIV: uma série de casos globais” foi o título de um estudo conduzido por Oriol Mitja, do Hospital Universitário Germans Trias, em Badalona, na Espanha, apresentado na 30ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro, em Seattle, nos Estados Unidos. A análise contou com a participação de Mayara Secco, pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz.

Uma rede de médicos de 19 países forneceu dados de casos confirmados de mpox, de 11 de maio de 2022 a 18 de janeiro de 2023, em pessoas que viviam com HIV. Estavam aptos a participar da pesquisa adultos maiores de 18 anos que apresentassem contagem de CD4 inferior a 350 células/mm³.

Foram incluídos 381 participantes (367 homens cisgênero, quatro mulheres cisgênero e dez mulheres transgênero). A idade média era de 35 anos. No momento do diagnóstico de mpox, 349 viviam com HIV, 228 eram aderentes à terapia antirretroviral e 32 apresentavam uma doença oportunista concomitante.

A média da contagem de CD4 era de 211 células/mm³, com 85 pessoas com contagem inferior a 100 células/mm³ e 179 com contagem abaixo de 200 células/mm³. No geral, 193 (51%) voluntários tinham carga viral indetectável.

Complicações graves da mpox foram mais comuns em pessoas com contagem de CD4 inferior a 100 células/mm³ do que naquelas com contagem superior a 300 células/mm³. Nesses casos, os sintomas mais comuns foram lesões cutâneas recorrentes e comprometimento pulmonar, com o aparecimento de nódulos e infecções secundárias.

Durante o período de acompanhamento, 107 participantes foram hospitalizados e 27 morreram. Todas as mortes ocorreram em voluntários com contagem de CD4 inferior a 200 células/mm³ e altas cargas virais.

Os autores reforçam a recomendação de que o teste de HIV e a contagem de CD4 sejam realizados em todos os casos de mpox. Eles afirmam que os médicos que cuidam de pacientes com mpox e doença do HIV avançada devem estar cientes dos casos graves e das mortes que podem ocorrer, especialmente em pessoas com baixa contagem de CD4 e carga viral elevada.

Link para o estudo: (https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(23)00273-8/fulltext)