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No Rio de Janeiro, estudo compara casos de mpox entre mulheres e homens

O estudo “Infecção por monkeypox (mpox) em mulheres: uma série de casos no Rio de Janeiro,”, conduzido por Luciane Velasque, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, e outros colaboradores*, teve como principal meta descrever, sociodemograficamente, comportamentos e aspectos clínicos da mpox em mulheres, quando comparadas aos homens, na capital fluminense. A análise foi apresentada pelo INI em forma de pôster na 30ª Conferência sobre Retrovírus e Doenças Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro, em Seattle, nos Estados Unidos.

Foi avaliado um banco de dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, com todos os casos confirmados da doença, de 12 de junho a 15 de dezembro de 2022. Nesse período, aconteceram 1.236 casos de mpox na capital. Desses, 108 foram em mulheres (18 em mulheres transgênero), 1.118 em homens (dois em homens transgênero) e dez em pessoas não-binárias. No geral, a média de idade dos infectados era de 33 anos, 56,6% se autodeclararam negros ou pardos e 42,3% tinham o ensino médio completo.

Em comparação com os homens, as mulheres eram frequentemente mais velhas (34,3% contra 25,3% com mais de 40 anos) e relataram menos contatos sexuais com pessoas infectadas com a mpox ou com o status desconhecido da doença. A prevalência de HIV foi menor entre as mulheres (8,3% contra 46,3%). Todos os casos de HIV registrados em mulheres se deram em mulheres transgênero. Os casos de lesões genitais foram menos frequentes nas mulheres (31,8% contra 57,9%), que também apresentaram menos sintomas de mpox sistêmica (38% contra 50,1% dos homens).

Segundo os autores, existe um potencial aumento de casos de mpox entre as mulheres na cidade do Rio de Janeiro. Para eles, a apresentação clínica mais branda da doença nessa população pode estar relacionada com a menor prevalência do HIV em comparação com os homens.

*Autores do trabalho:

Luciane Velasque (1) (2) (3), Carolina Coutinho (2), Mayara Secco Silva (2), Thiago Torres (2), Eduardo Peixoto (1) (2), Sandra Cardoso (2), Gabriela Nazário (3), Maíra Mendonça (3), Mariana Menezes (3), Paula Maria Almeida (3), Shenon Bia Bedin (3), Aline Maria Almeida (3), Silvia Carvalho (3), Valdiléa Veloso (1) e Beatriz Grinsztejn (1)

(1)Departamento de Matemática e Estatística, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

(2)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(3)Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil