Parar de fumar está associado à melhora de saúde de curto prazo em pessoas vivendo com HIV
O tabagismo é altamente prevalente em pessoas que vivem com HIV, produzindo efeitos prejudiciais em diferentes órgãos do corpo e causando diversos tipos de doenças. Esse é o principal resultado de um estudo, conduzido por Rodrigo de Carvalho Moreira, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, e demais colaboradores*, apresentado em forma de pôster na 30ª Conferencia sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro, em Seattle, nos Estados Unidos. O trabalho buscou examinar se a terapia de reposição da nicotina (NRT) é uma opção visando a interrupção do tabagismo e a melhoria da saúde cardiovascular na população estudada.
De dezembro de 2019 a outubro de 2021, foram inscritas no estudo pessoas fumantes ativas e maiores de 18 anos que procuraram o INI, no Rio de Janeiro. Pacientes com contraindicações para NRT, com acidente vascular cerebral recente ou histórico familiar de infarto do miocárdio foram excluídas da pesquisa.
No total, foram incluídos 115 participantes, com idade média de 45,5 anos. Vinte e dois (20,4%) eram hipertensos, nove (8,3%) diabéticos e 30 (27,8%) apresentavam dislipidemia. Quase metade (41,1%) fumava mais de 20 cigarros por dia. Os voluntários viviam com HIV por uma média de 10,9 anos e estavam em terapia antirretroviral por, em média, 8,6 anos.
A análise não ajustada mostrou que pessoas com mais anos de tabagismo, idade mais jovem e de raça branca eram associadas a uma maior possibilidade de parar de fumar. Após 12 semanas de acompanhamento, 29,6% dos participantes aderentes à NRT cessaram o fumo e apenas 1,1% apresentou recaída.
De acordo com os autores, esse estudo fornece evidências de que uma estratégia de NRT e aconselhamento profissional são eficazes no sentido de parar de fumar e melhorar a vascularização em um curto espaço de tempo em pessoas que vivem com HIV. Isso reforça a importância de uma ampla campanha antitabaco em clínicas que oferecem serviços de HIV.
*Autores do trabalho:
Rodrigo de Carvalho Moreira (1), Anny Rodrigues (2), Beatriz Leonardo (1), Daniel Arabe (1), Sandra Wagner (1), Beatriz Grinsztejn (1), Valdiléa Veloso (1) e Antonio Pacheco (3)
(1)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil
(2)Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
(3)Programa de Computação Científica, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil