Versão mais antiga do tenofovir protege contra a Covid-19 grave, segundo estudo
Pessoas que vivem com HIV e tomaram a formulação mais antiga do tenofovir (disoproxil fumarato/emtricitabina – TDF/FTC), tiveram um risco consideravelmente menor de internação hospitalar e morte em decorrência da Covid-19 do que indivíduos que usavam a nova formulação do medicamento ou outros regimes. Essa foi a principal descoberta de um estudo, liderado por Julia Del Amo, do Ministério da Saúde da Espanha, e publicado, em 12 de dezembro de 2022, na revista AIDS.
Viver com HIV, estar em terapia antirretroviral (TARV) e apresentar supressão viral (carga viral abaixo de 50 cópias/ml) eram os principais critérios para a participação na análise, realizada entre os meses de fevereiro e dezembro de 2020. No total, a pesquisa englobou 51.558 voluntários, dos quais 39% recebiam tenofovir alafenamida/emtricitabina (TAF/FTC), 12% tomavam TDF/FTC, 26% usavam abacavir/lamivudina (ABC/3TC) e 21% faziam a TARV com outras substâncias.
A população do estudo era predominantemente masculina, com mediana de idade aproximada de 50 anos e contagem média de CD4 entre 700 células/mm³ e 746 células/mm³. Um em cada quatro voluntários tinha uma contagem de CD4 inferior a 350 células/mm³. Durante o acompanhamento de 48 semanas, 2.402 pessoas testaram positivo para a Covid-19. Quatrocentas e vinte e cinco foram internadas em hospitais, 45 precisaram de terapia intensiva e 37 morreram.
Em comparação com os participantes que tomavam TAF/FTC, aquelas que receberam TDF/FTC tiveram um risco 66% menor de hospitalização, internação em unidade intensiva e morte, mas não de infecção por Covid-19. Essa análise controlou idade, sexo, várias comorbidades, país de origem e contagem de CD4. Em contraste, os riscos de infecção, hospitalização e morte por Covid-19 foram significativamente maiores em voluntários que receberam ABC/3TC em comparação com aqueles que usavam TDF/FTC e TAF/FTC.
Os autores afirmam que existem evidências de estudos laboratoriais de que o tenofovir inibe a replicação da Covid-19. De acordo com eles, uma análise realizada em animais mostrou que a combinação do medicamento com a emtricitabina é capaz de aumentar a depuração do vírus em amostras retiradas do nariz.
Fonte: site da revista AIDS, de 12 de dezembro de 2022.