PrEP: tecnologia de prevenção

Estudo francês confirma que a PrEP oral é segura para os rins

Conduzido por Geoffroy Liegeon, do Hospital de Paris, na França, estudo comprova que a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV tanto na modalidade oral diária quanto no esquema sob demanda (2+1+1) apresenta um bom perfil de segurança contra a disfunção renal. A análise foi publicada, em 30 de dezembro de 2022, no Journal of Antimicrobial Chemotherapy.

O estudo incluiu 1.253 participantes que iniciaram o tratamento com a profilaxia, de 2017 a 2020, na região metropolitana de Paris. Homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) podiam optar entre a PrEP oral diária ou a sob demanda.

Quarenta por cento dos participantes eram usuários da PrEP diária, 39% da profilaxia sob demanda e 21% trocaram de regime (mudança permitida pelos pesquisadores) e cerca de 85% eram nascidos na Europa, com média de idade de 34 anos. Para facilitar as comparações da função renal entre os regimes, os indivíduos foram classificados em três grupos: diariamente, sob demanda e permuta.

O estudo utilizou a taxa de filtração glomerular estimulada (eGFR), que resulta de uma equação que compreende idade, sexo e resultado do teste de creatinina sérica de uma pessoa. A eGFR mostra a rapidez com que as toxinas, incluindo a creatinina, são filtradas pelos rins. Geralmente, um resultado de eGFR é medido como mililitros por minuto por1,73 m2 de superfície corporal. Uma eGFR igual ou maior que 90 ml/min/1,73 m2é considerada normal e taxas variando entre 60 ml/min/1,73 m2 e 90 ml/min/1,73 m2 refletem uma função renal moderada. No entanto, uma eGFR abaixo de 60ml/min/1,73 m2 é anormal e pode indicar disfunção renal.

A mediana da eGFR no início do estudo era de 104 ml/min/1,73 m2, , mesmo com 43% dos participantes apresentando fatores de risco para disfunção renal: idade acima de 40 e/ou eGFR abaixo de 90 ml/min/1,73 m2. A eGFR caiu nos primeiros três meses após o início do uso da profilaxia, mas aumentou gradualmente até o mês 24, qualquer que fosse o regime de PrEP.

Em uma média de 22 meses de acompanhamento, apenas cinco usuários, quase que uniformemente distribuídos entre os grupos, experimentaram uma redução de eGFR de mais de 25%, ficando com índices abaixo de 60 ml/min/1,73 m2. Somente dois voluntários interromperam a PrEP devido à diminuição da eGFR e ambos a reiniciaram posteriormente sem problemas.

Os autores destacaram que durante os dois anos de análise, o benefício da PrEP sob demanda na comparação com a modalidade diária, em termos de segurança renal, foi mínimo e considerado clinicamente irrelevante. “Em nosso estudo, a segurança renal da profilaxia foi ótima, independentemente do regime adotado” disseram eles.

Fonte: site do Journal of Antimicrobial Chemotherapy, de 30 de dezembro de 2022.

(https://academic.oup.com/jac/article-abstract/77/12/3427/6751037?redirectedFrom=fulltext&login=false)