Após rebote viral, tratamento com dolutegravir tem maior probabilidade de suprimir o HIV
O tratamento à base de dolutegravir apresenta maior probabilidade de resultar na supressão do HIV após o rebote viral do que o tratamento contendo efavirenz. Essa foi a conclusão de uma meta-análise de quatro grandes estudos apresentada por Andrew Hill, da Universidade de Liverpool, no Congresso Internacional sobre Terapia de Drogas na Infecção pelo HIV (HIV Glasgow). O evento foi realizado entre 23 e 26 de outubro de 2022, em Glasgow, no Reino Unido.
Todos os quatro estudos incluídos na meta-análise foram realizados em países do continente africano: ADVANCE (África do Sul), VISEND, (Zâmbia), DOLPHIN-2 (Uganda) e NAMSAL (Camarões). Foram investigadas as taxas de supressão viral em participantes que sofreram uma falha viral (carga viral acima de 1.000 cópias/ml após a semana 24) e não alteraram o tratamento.
No ADVANCE, as taxas de falha viral foram semelhantes nos braços do efavirenz e do dolutegravir (cerca de 13% em ambos), mas as taxas de supressão variaram de 23% no braço do efavirenz a 59% no braço do dolutegravir. O mesmo padrão foi evidenciado no NAMSAL. As taxas de falência viral ficaram entre 15% e 17% nos dois braços, enquanto 60% dos participantes do braço do dolutegravir atingiram a supressão viral e apenas 23% dos voluntários do braço do efavirenz o fizeram.
Na análise do VISEND, observou-se que as pessoas que entraram no estudo com carga viral acima de 500 cópias/ml eram mais propensas a apresentar falha viral do que aquelas com carga viral abaixo desse patamar. A falha viral ocorreu mais frequentemente no braço do efavirenz (27%) do que no braço do dolutegravir (18%). A supressão foi mais comum no braço do dolutegravir (41%) quando comparada ao braço do efavirenz (19%). Ao contrário dos demais estudos, no DOLPHIN-2, a falha viral e a supressão não diferiram substancialmente entre os dois braços.
Quando agregados os dados das quatro pesquisas, a taxa de supressão viral foi até 40% maior nos braços de dolutegravir em comparação com os braços de efavirenz.
Os autores afirmam que, apesar dos resultados apresentados, ainda é necessário um acompanhamento de longo prazo das pessoas que suprimiram a carga viral com dolutegravir. Eles informaram que as novas diretrizes de tratamento em países do continente africano só recomendam a troca do dolutegravir por outra substância quando for detectada uma resistência ao inibidor da integrase.
Fonte: site do Aidsmap, de 23 de outubro de 2022.