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Risco de mortalidade com a variante Ômicron da Covid-19 se mostra maior em pessoas que vivem com HIV

Pessoas que viviam com HIV permaneceram em maior risco de morte após internações por Covid-19 em clínicas e hospitais. Além disso, esses pacientes não experimentaram o mesmo declínio no número de óbitos que as pessoas HIV negativas durante a onda da variante Ômicron. Essas foram as principais descobertas de um estudo liderado por Silvia Bertagnolio, da Organização Mundial da Saúde, e apresentado na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto.

O ensaio analisou dados enviados às plataformas clínicas de 50 países sobre pessoas hospitalizadas com Covid-19 desde o início da pandemia até maio de 2022. Informações sobre o status de HIV de pacientes internados estavam disponíveis para 42 países, abrangendo 362.841 pessoas. Pouco mais de 8% (29.530) viviam com o vírus. Cerca de 96% desses dados vieram do continente africano, em especial da África do Sul.

Várias doenças foram mais comuns em pessoas vivendo com HIV do que em indivíduos sem o vírus. Aproximadamente 59% dos hospitalizados que viviam com HIV tinham pelo menos uma comorbidade, enquanto nas pessoas HIV negativas esse número caía para 45%. As comorbidades mais relatadas foram hipertensão (30%), obesidade (29%), tuberculose (27%) e diabetes (19%).

Os pesquisadores investigaram as alterações nas taxas de mortalidade ao longo do tempo. Em 2020, durante as ondas das variantes Alfa e Beta, 24% das pessoas vivendo com HIV e 21% dos pacientes sem o vírus morreram após hospitalização com Covid-19. Os números foram praticamente idênticos (24% e 22%, respectivamente) em 2021, quando predominavam as variantes Alfa, Beta e Delta. Mas em 2022, quando a variante Ômicron substituiu as anteriores, os percentuais passaram a divergir. Enquanto a taxa de mortalidade após a internação caiu para 8% em pacientes HIV negativos, a mesma permaneceu em 20% nas pessoas que viviam com HIV.

Na análise atualizada, as pessoas que viviam com HIV apresentavam um risco de morte 51% maior após a internação hospitalar.

Bertagnolio afirmou que a contínua taxa de mortalidade em pessoas hospitalizadas por Covid-19 que vivem com HIV provavelmente reflete a baixa cobertura vacinal nos países que contribuíram com a maioria dos dados da pesquisa. A autora ressaltou que apenas 18% da população de África Subsaariana se encontra totalmente imunizada.

Fonte: site da AIDS 2022, de 2 de agosto de 2022.

(https://programme.aids2022.org/Abstract/Abstract/?abstractid=11703)