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Estudo da Fiocruz avalia o impacto da interação da PrEP com a terapia hormonal em travestis e mulheres trans

Possíveis dúvidas sobre os efeitos da interação entre a terapia hormonal feminizante e a modalidade oral (emtricitabina/tenofovir) da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV podem desempenhar barreiras para o devido uso do medicamento entre travestis e mulheres trans.

Investigar o efeito dessa interação foi o objetivo do artigo Impacto da terapia hormonal feminizante na farmacocinética plásmica do tenofovir e emtricitabina: um estudo de interação medicamentosa aninhada em uma coorte de travestis e mulheres trans brasileiras usando PrEP, de autoria de Vitória Berg Cattani, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz/Rio de Janeiro, e outros colaboradores de diversas instituições.*

A pesquisa aconteceu com participantes do PrEParadas, projeto ocorrido de agosto de 2017 a janeiro de 2020, direcionado a avaliar a aceitabilidade da PrEP entre 130 travestis e mulheres trans residentes do Rio de Janeiro e região metropolitana.

Trinta voluntárias do projeto aceitaram participar da pesquisa, tendo sido divididas em dois grupos: as que recebiam apenas a PrEP e as que faziam uso da profilaxia juntamente com a terapia hormonal (valerato de estradiol associado à espironolactona). Ao final do período de 12 semanas, amostras de sangue foram coletadas para análise e comparação, com a possibilidade das participantes de ambos os grupos manterem ou continuarem a terapia hormonal, com novas análises nas semanas 30 e 48 de participação no projeto PrEParadas.

Os resultados do estudo demonstraram não haver influência entre o uso da terapia hormonal feminizante e os medicamentos da PrEP, seja para a saúde, seja para os efeitos da terapia hormonal ou níveis seguros de proteção contra o HIV. Tal resultado reforça a segurança e eficácia da profilaxia para travestis e mulheres trans.

Link para o resumo do artigo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53959

* Autores do artigo:

Vitória Berg Cattani (1), Emilia Moreira Jalil (1), Leonardo Eksterman (1), Thiago Torres (1), Sandra Wagner Cardoso (1), Cristiane R. V. Castro (1), Laylla Monteiro (1), Erin Wilson (2), Lane Bushman (3), Peter Anderson (3), Valdiléa Veloso (1), Beatriz Grinsztejn (1)e Rita Estrela (1, 4), da equipe do projeto PrEParadas.

(1)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(2)Universidade da Califórnia, San Francisco, EUA

(3)Universidade de Colorado, Denver, EUA

(4)Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil