HIV, IST e Outros

Cuidados centrados na pessoa melhoram supressão viral em jovens que vivem com HIV

Discutir o que está acontecendo na vida dos pacientes, deixar que eles opinem sobre como recebem os serviços clínicos, dar retorno sobre a carga viral em até 72 horas e fornecer aos médicos um grupo de WhatsApp para debater casos difíceis foram ações que melhoraram consideravelmente os resultados de saúde e supressão viral em jovens vivendo com HIV nas áreas rurais do Quênia e de Uganda. Essas foram as conclusões de um estudo liderado por Florence Mwangwa, da Infectious Diseases Collaboration, de Uganda, e apresentado na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto.

Clínicas, ao invés de pacientes, foram randomizadas nessa pesquisa. Quatorze unidades de saúde foram alocadas aleatoriamente para implementar o pacote de intervenções, enquanto outras 14 continuaram com seus cuidados habituais. Os resultados relativos a 918 jovens vivendo com HIV, atendidos nas clínicas de intervenção, foram comparados com os de 915 que frequentavam as clínicas de controle.

Foram incluídos na análise participantes de 15 a 24 anos. Metade tinha menos de 21 anos, 80% eram do sexo feminino e pouco mais de 50% possuíam um ou mais filhos. Enquanto a maioria já estava integrada em serviços de cuidados de HIV, 33% só se envolveram na inclusão ou nos seis meses anteriores, e 4% ingressaram no ensaio quando voltaram a se envolver (não realizavam uma consulta há mais de seis meses). No início do estudo, 75% dos voluntários apresentavam supressão viral.

A implementação dos pacotes de intervenção de saúde foi geralmente boa. A maioria dos pacientes (85%) recebeu aconselhamento pelo menos quatro vezes entre 2019 e 2021. Metade de todos os resultados de carga viral foi entregue em até 38 horas e mais de 80% chegaram dentro da meta de 72 horas. No entanto, a maior parte das visitas às clínicas continuou a ser realizada de maneira usual. Os grupos de WhatsApp foram utilizados para discutir casos de 128 pacientes e temas como revelação de status de HIV e como acomodar o horário escolar com visitas clínicas.

Após dois anos, a supressão viral melhorou de 73% para 88% nos jovens atendidos nas clínicas de intervenção. Embora também tenha havido melhora nas clínicas de controle (de 75% para 80%), a diferença entre os dois braços do estudo foi considerada estatisticamente significativa.

De acordo com os autores, os resultados foram especialmente melhores em participantes mais jovens e do sexo feminino. O maior impacto das intervenções ocorreu no pequeno número de pacientes que estavam se reengajando nos cuidados de HIV. No geral, enquanto 53% dos voluntários que alcançaram a supressão viral o fizeram nas clínicas de controle, 86% ficaram com carga viral indetectável nas clínicas de intervenção.

Fonte: site da AIDS 2022, de 2 de agosto de 2022.

(https://programme.aids2022.org/Abstract/Abstract/?abstractid=12324)