2022 Notícias

Insegurança alimentar entre mulheres africanas duplica o risco de aquisição do HIV

Dados de um estudo com mais de 112 mil adultos de seis países da África Subsaariana, conduzido por Andrea Low, da Universidade de Colúmbia, Estados Unidos, mostram que viver em lares com insegurança alimentar pode dobrar o risco de mulheres adquirirem o HIV. O ensaio foi publicado, em 26 de setembro de 2022, na revista BMJ Open.

Realizada entre 2016 e 2017, a pesquisa teve seus dados coletados em Uganda, Zâmbia, Tanzânia, Namíbia, Lesoto e Essuatíni. Os chefes de família que disseram não haver comida em casa para pelo menos três refeições diárias foram classificados como “vivendo em um domicílio com insegurança alimentar grave”.

Um total de 54.033 lares, com 112.955 adultos (de 15 a 59 anos), com testes recentes de HIV e dados sobre insegurança alimentar, foram selecionados para a análise. A proporção de domicílios chefiados por mulheres era de 27% na Tanzânia, 29% na Zâmbia, 31% em Uganda, 51% no Lesoto, 51% na Namíbia e 55% em Essuatíni. A maioria dos participantes era de zonas rurais (64%) e tinha idade entre 15 e 24 anos (40%). Mais homens que viviam com HIV (48%), em comparação com as mulheres (40%), apresentavam carga viral não suprimida.

Em todos os países, 24% das famílias relataram ter sofrido com falta de alimento no mês anterior ao início do estudo. Cerca de 10% dos voluntários informaram insegurança alimentar grave. Famílias chefiadas por homens e menos pobres eram menos propensas a sofrer insegurança alimentar grave do que famílias urbanas e comandadas por mulheres. Morar em um lar com muitos jovens (entre 15 e 24 anos) também foi associado à insegurança alimentar grave.

Dos 14.208 participantes que viviam com HIV, 200 (2%), dos quais 140 eram mulheres e 60 homens, haviam adquirido o vírus recentemente: 47 casos em mulheres com insegurança alimentar grave, contra 13 casos em homens na mesma situação. A insegurança alimentar grave foi associada a um aumento de duas vezes no risco de infecção pelo HIV em mulheres. Não houve associação significativa encontrada nos homens.

Os autores sugerem que as mulheres, particularmente aquelas que dirigem suas famílias, precisam ser direcionadas aos programas de assistência alimentar. Tais programas necessitam também apoiar o empoderamento econômico de mulheres solteiras para que não precisem recorrer a atividades sexuais de alto risco em momentos de maior fragilidade financeira.

Fonte: site da BMJ Open, de 26 de setembro de 2022.

(https://bmjopen.bmj.com/content/12/7/e058704)