Conhecimento e disposição em usar o autoteste de HIV entre HSH do Brasil, Peru e México
Dentre os voluntários que acessaram e responderam ao questionário, 18.916 HSH foram elegíveis para o estudo — 59% do Brasil, 30% do México e 11% do Peru. Desse total, 20% declararam nunca haver se testado para HIV, com uma proporção maior no Peru, em que 24% nunca haviam se testado. Dentre os que nunca haviam feito o teste, o motivo mais apontado foi o medo de receber resultado positivo.
O conhecimento sobre o autoteste de HIV foi maior no Brasil, com 41%, seguido do México, 28% e Peru, 25%. Os resultados foram semelhantes ainda quanto à disposição em fazer o autoteste, com 40% no Brasil, e 36% e 32% para México e Peru, respectivamente. As maiores barreiras apontadas para a não disposição em utilizar o autoteste foram a dificuldade de lidar com um resultado positivo e a consideração de que ter aconselhamento com um profissional de saúde antes e depois do teste são essenciais.
Nos três países, houve ainda uma ligação nos voluntários entre o interesse de fazer o autoteste e possuir maiores rendas e tempo de escolaridade. Para aumentar o conhecimento e uso do autoteste, campanhas de divulgação e conscientização devem se centrar em alcançar HSH com menor renda e escolaridade, justamente os perfis com menores resultados.
Os autores do artigo sugerem o aconselhamento virtual como uma possível estratégia para aumentar a divulgação do autoteste e, assim, atenuar uma das barreiras apontadas pelos voluntários. Já países e locais em que o serviço público não oferece o autoteste devem levar esse fator em consideração, visto que os autotestes podem ter custos elevados, representando uma barreira crucial para sua não utilização.
Uma importante descoberta do estudo foi a de que os voluntários que demonstraram interesse em fazer o autoteste, em geral também afirmavam interesse em fazer uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. Tal resultado sugere a eficácia de se incluir a disponibilização do autoteste como parte de programas de PrEP.
Link para o estudo: https://journals.plos.org/globalpublichealth/article?id=10.1371/journal.pgph.0000678
*Autores do artigo:
Oliver Elorreaga (1) Thiago Torres (2), Hamid Vega-Ramirez (3), Kelika
Konda (1), Brenda Hoagland (2), Marcos Benedetti (2), Cristina Pimenta (2), Dulce Diaz-Sosa (3), Rebeca Robles-Garcia (3), Beatriz Grinsztejn (2), Carlos Caceres (1) e Valdiléa Veloso (2)
- Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade e Aids, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
- Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundacão Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil
- Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México