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É necessária uma resposta global mais forte à monkeypox

Alguns dos mais importantes especialistas em varíola e autoridades de saúde pública de todo o mundo discutiram uma resposta global ao crescente surto da monkeypox durante a 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto. A principal conclusão foi que ainda não está se fazendo o suficiente para lidar com a crise que vem afetando principalmente homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH).

Em uma mesa de debates, Meg Doherty, da Organização Mundial da Saúde (OMS), forneceu um relatório com dados sobre o surto. De acordo com ela, 23.351 casos de monkeypox foram registrados em laboratórios espalhados pelo mundo. A maioria dos diagnósticos foi registrada nos Estados Unidos (mais de 6 mil), seguidos pela Espanha, Alemanha e Reino Unido (mais 2.600 casos). (Nota do editor: dados da OMS, de 22/8/2022, ou seja, 20 dias após o término da conferência, apontavam mais de 41 mil casos em todo o mundo, com destaque para EUA (14,5 mil), Espanha (5,7 mil) e Brasil (3,7 mil)).

Doherty informou que três meses após o registro do primeiro caso, os diagnósticos permaneceram concentrados na população HSH, mesmo com aumento dos testes para outros grupos. Segundo a OMS, 99% dos casos estão entre homens, a maioria dos quais se identifica como gay ou bissexual e relata o sexo como a via de transmissão mais provável. Dos diagnósticos com idade conhecida, 25 eram em crianças de até quatro anos.

Quem também participou do debate foi Marina Klein, da Universidade McGill, em Montreal, Canadá. Ela reconheceu que muitas das perguntas sobre o assunto ainda carecem de respostas. Não se sabe, por exemplo, se o vírus pode ser transmitido pelas vias aéreas e se a transmissão pode ocorrer antes mesmo dos primeiros sintomas da doença. Sobre as vacinas, Klein afirmou que as marcas Imvanex, no Canadá e Europa, e Jynneos, nos Estados Unidos, se mostraram seguras. Porém, ainda existem dúvidas sobre os níveis de eficácia do imunizante após a primeira e a segunda doses.

Uma análise recente com mais de 500 casos de monkeypox, em países onde a doença é considerada endêmica, foi apresentada por Chloe Orkin, da Universidade Queen Mary, em Londres, Reino Unido. Entre os participantes com status de HIV conhecido, 41% viviam com o vírus. De forma tranquilizadora, não houve diferença significativa nos resultados gerais entre as pessoas que viviam com HIV e os participantes soronegativos. No entanto, foi observado que os voluntários que viviam com o vírus tinham uma resposta imunológica mais fraca à primeira dose da vacina, necessitando de uma segunda dose com maior urgência.

Manifestantes que estiveram presentes à AIDS 2022 exigiram que a resposta global à monkeypox priorize populações e comunidades vulneráveis. Também pediram financiamento e apoio psicológico para pessoas que necessitem de isolamento, mas enfatizaram que essa ajuda não pode comprometer o combate a hepatite C, tuberculose, HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis.

Fonte: site do Aidsmap, de 3 de agosto de 2022.

(https://www.aidsmap.com/news/aug-2022/stronger-monkeypox-response-needed-both-global-north-and-africa)