1º Seminário de Informação e Mobilização para a Prevenção e Tratamento da Monkeypox: a importância da informação e da comunicação
No dia 12 de agosto passado, a sede do Grupo Arco-Íris de Cidadania, no Rio de Janeiro, foi palco de uma importante iniciativa que reuniu ativistas, educadores comunitários, pesquisadores, gestores da saúde e diversos representantes do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz): o 1º Seminário de Informação e Mobilização para a Prevenção e Tratamento da Monkeypox. A organização do evento contou com a parceria do INI, ImPrEP, Aliança Nacional LGBTI+ e Rede GayLatino.
Durante o evento, o presidente do Arco-Íris, Cláudio Nascimento, revelou a criação do Observatório sobre a Monkeypox, em parceria com o INI: “O objetivo é monitorar o número de casos e o impacto da monkeypox na nossa comunidade e, ao mesmo tempo, combater fakenews e promover uma comunicação inclusiva e correta”. A diretora do INI e pesquisadora principal do ImPrEP, Valdiléa Veloso, também anunciou a criação de um novo serviço de marcação de consultas no instituto por meio do email agenda.mpx@ini.fiocruz.br: “Essa iniciativa é uma parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e visa ampliar o acesso das pessoas ao diagnóstico e tratamento”. O INI é referência no estado para o atendimento dos casos suspeitos da monkeypox.
Contra o estigma e o preconceito
Valdiléa destacou, ainda, a importância de unir esforços para fazer frente aos desafios do surto global da monkeypox: “Comunicação e informação corretas são as forças com as quais podemos enfrentar essa ameaça e combater a desinformação, o estigma e o preconceito”, enfatizou.
Ao falar de como o preconceito pode impactar negativamente no diagnóstico de uma doença, ela lembrou o período em que foi residente no hospital Emílio Ribas, em meados da década de 1980, durante os primeiros anos da epidemia da aids: “Naquela época, houve casos de mulheres com pneumonia, uma das doenças características de pessoas que viviam com o HIV, que, ao procurarem atendimento no hospital, tinham o diagnóstico de aids colocado em dúvida por conta do simples fato de serem mulheres”, relembrou. A diretora frisou que, com a ampliação do acesso aos testes, foi possível ver que qualquer pessoa era suscetível de se infectar com o HIV: “Da mesma forma, agora, com a monkeypox. Precisamos evitar os mesmos erros do passado”.
A chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica de DST e Aids do INI, co-pesquisadora principal do ImPrEP e presidente eleita da International Aids Society para a gestão 2024-2026, Beatriz Grinsztejn, reforçou a necessidade de contar com a informação correta e a boa comunicação como aliadas estratégicas. Em resposta a um dos participantes, Beatriz explicou que as palavras “infectado” e “contaminado” não são sinônimos e que devem ser usadas em contextos diferentes: “Coisas, objetos, substâncias são contaminadas. Pessoas são infectadas”. Explicou que o uso incorreto das duas palavras pode contribuir para o reforço de estigmas. Destacou também a importância de que o país faça parte das pesquisas clínicas para a descoberta de vacinas e medicamentos como forma de gerar conhecimento e ampliar o acesso a esses insumos.
Já o epidemiologista e chefe do Serviço de Vigilância em Saúde do INI, Mayumi Wakimoto, traçou um panorama da doença no Brasil e no mundo, e Mayara Secco, médica infectologista do instituto, apresentou as características do quadro clínico da doença ressaltando a importância dos profissionais de saúde e a necessidade de as pessoas estarem atentas aos sintomas atuais desse surto global da nova varíola.
Mensagens-chave
Como atividade final, os participantes foram divididos em grupos de trabalho com a missão de criar mensagens-chave sobre a prevenção e a promoção da saúde como forma de as pessoas se protegerem do vírus da monkeypox. O participante Lázaro Silva, formado em gestão pública, afirmou que ficou muito feliz com os conhecimentos adquiridos pelo seminário. “A comunicação não pode culpabilizar as pessoas infectadas com o vírus. O racismo e o preconceito de classe também afetam o acesso à informação e à saúde”, apontou, ressaltando que esses fatores devem ser levando em consideração ao elaborar produtos de comunicação sobre a doença.
O presidente Arco-Íris encerrou o encontro reforçando que o objetivo do encontro foi exatamente o de promover a informação correta e evitar desinformações: “Nosso papel como comunidade é reunir os cientistas e a área da saúde para informarmos de maneira correta, evitando o estigma”.
Fonte: www.ini.fiocruz.br, por Alexandro Magno/Juana Portugal