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Uma avaliação da triagem de risco de HIV e do processo de inclusão no projeto de demonstração de PrEP no México – o estudo ImPrEP

Os programas de profilaxia pré-exposição (PrEP) precisam identificar e incluir pessoas em alto risco para o HIV para obter os resultados aguardados. Caminhando nessa direção, o projeto de demonstração de PrEP no México (ImPrEP) procurou oferecer a profilaxia a duas populações-chave: gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans.

Esse é o cenário que inspirou a realização do trabalho “Uma avaliação da triagem de risco de HIV e do processo de inclusão no projeto de demonstração de PrEP no México – o estudo ImPrEP”, apresentado em forma de pôster na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada de 29 de  julho a 2 de agosto em Montreal, Canadá.

Realizado por Heleen Vermandere, do Instituto Nacional de Saúde Pública do México e outros colaboradores*, a análise selecionou HSH e mulheres trans em quatro centros do estudo ImPrEP, que preencheram um questionário sobre fatores de risco para o HIV. A definição para pessoas em alto risco para o HIV se deu por meio do relato de pelo menos um dos seguintes critérios: sexo anal sem preservativo, sexo transacional, parceiro vivendo com HIV ou infecção sexualmente transmissível.

Para verificar se os quatro critérios identificavam efetivamente se a pessoa se encontrava em alto risco para o HIV, foi estabelecido um escore com base nesses critérios e comparado com outros sete comportamentos de risco relatados por meio da modelagem de Poisson. Além disso, entre as pessoas em alto risco para o HIV, foi avaliada a proporção de incluídos, de não acompanhados e de excluídos (considerados de baixo risco,de acordo com a equipe, apesar de estarem na categoria de populações vulneráveis para o HIV). Por fim, por meio de modelos logísticos, foram comparados os comportamentos sociodemográficos e sexuais dos incluídos com os não acompanhados e os excluídos.

Um total de 2.518 candidatos foi selecionado (2.417 HSH e 101 mulheres trans). Apenas 137 (5%) não relataram nenhum dos quatro critérios na definição de pessoas em alto risco para o HIV. A modelagem de Poisson confirmou que um escore mais alto baseado nos quatro critérios estava associado a outros fatores de risco, como ter mais parceiros do sexo masculino e praticar mais frequentemente sexo anal sem preservativo.

Especificamente quanto às pessoas consideradas em alto risco para o HIV, 1.701 (72%) foram incluídas, 351 (15%) não foram acompanhadas, 247 (10%) foram excluídas e 82 (3%) apresentavam contraindicações médicas para o uso da profilaxia. As chances de exclusão foram maiores para aqueles que relataram relações com parceiro sexual vivendo com HIV. Já as chances de ser um não acompanhado foram menores para aqueles com mais de 25 anos, e maiores para mulheres trans.

O estudo conclui que os quatro critérios adotados se revelaram úteis para identificar e incluir pessoas em alto risco para o HIV, mas reconhece que avaliar esse risco exige mais do que fazer quatro perguntas. Também aponta que é necessário o estabelecimento de estratégias para evitar que aqueles em maior estado de vulnerabilidade (mulheres trans e jovens) não deixem de ser acompanhados.

*Autores do trabalho

Heleen Vermandere, Gisela Martínez-Silva, Santiago Aguilera-Mijares, Araczy Martínez-Dávalos, Sergio Bautista-Arredondo, do Instituto Nacional de Saúde Pública, Cidade do México, México.