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Quais são os atributos de PrEP mais valorizados? Um experimento de escolha discreta entre HSH e mulheres trans no Peru

Existe uma demanda potencial para a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV no Peru. No entanto, pouco se sabe sobre as preferências em relação às várias formas de se tomar a profilaxia ou a importância de diversos atributos do medicamento. O estudo “Quais são os atributos de PrEP mais valorizados? Um experimento de escolha discreta entre HSH e mulheres trans no Peru”, conduzido por Oliver Elorreaga, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, e outros colaboradores do Grupo de Estudos ImPrEP*, se debruçou sobre esse tema, tendo sido apresentado em forma de pôster  na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto.

A pesquisa se concentrou em quais atributos mais influenciariam a escolha das modalidades de PrEP entre os públicos gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans. Também foram avaliadas como as preferências dos participantes variam de acordo com a estratégia de recrutamento e a população.

Foi desenvolvido um experimento de escolha discreta com 2.931 participantes, recrutados entre julho e outubro de 2021, que foram divididos em três grupos: 1) usuários de PrEP; 2) usuários de clínica de infecções sexualmente transmissíveis (IST); e 3) participantes recrutados via mídia social. Os critérios de inclusão foram: HSH ou mulheres trans maiores de 18 anos, com autorrelato de status de HIV negativo e consentimento informado. Os atributos da profilaxia avaliados foram: via de administração, frequência de uso, frequência do teste de HIV, efeitos colaterais e eficácia. Cada voluntário recebeu 12 pares de opções e teve que escolher uma opção por par.

Os participantes tinham, em média, 29 anos, 56,6% haviam concluído o ensino superior e 46,8% ganhavam menos de US$ 232 por mês. No geral, eficácia (27,6%) e frequência de uso da PrEP (21,2%) foram os atributos mais importantes, com o grupo recrutado via mídia social colocando maior importância na eficácia (32%). Os usuários da clínica de IST e os grupos recrutados via mídia social se preocupavam mais com possíveis efeitos colaterais quando comparados aos atuais usuários de PrEP, que deram maior importância à frequência de uso da profilaxia.

Segundo os autores, atributos como eficácia e frequência de uso da PrEP foram os mais importantes na comparação entre as estratégias de recrutamento. No entanto, os atuais usuários do medicamento colocaram mais peso na frequência do que os outros grupos. O conhecimento prévio e a experiência anterior com a profilaxia influenciaram a forma como os atributos foram considerados. Esses dados podem ser úteis para futuras estratégias de expansão da PrEP, antecipando as preocupações dos usuários em potencial e aprendendo com os usuários atuais.

*Autores do trabalho:

Oliver Elorreaga(1), Kelika Konda(1), Karen(1), Gino Calvo(1), Thiago Torres(2) e Carlos Cáceres(1), do Grupo de Estudos ImPrEP

  • Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedade, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

(2)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil