Crianças expostas ao HIV podem experimentar atraso na aquisição de habilidades motoras e de linguagem
Filhos de mães que vivem com HIV, mas que permanecem livres do vírus, apresentam um risco maior de deficiência na linguagem expressiva e na função motora aos dois anos de idade. Essa foi a conclusão de uma metanálise, liderada por Catherine Wedderburn, da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e publicada, em 10 de junho, na revista The Lancet Child & Adolescent Health.
Crianças com desenvolvimento de linguagem expressiva mais pobre podem ter dificuldade em construir frases, nomear objetos ou se fazer entender. Além de prejudicar o desempenho educacional, isso pode afetar habilidades sociais e a integração com outras crianças e adultos.
O desenvolvimento motor refere-se às principais atividades físicas que exigem o movimento de todo o corpo, como engatinhar, ficar de pé, caminhar e correr. Uma criança com desenvolvimento motor prejudicado apresentará dificuldades para brincar e interagir com seus pares.
Foram identificados 24 estudos que analisavam o impacto da exposição de crianças ao HIV. Os pesquisadores realizaram então uma metanálise em que 16 ensaios foram excluídos por não abrangerem um número representativo de participantes. Os oito trabalhos restantes contaram com 1.856 crianças expostas ao HIV e 3.067 não expostas. Todos, exceto um, foram desenvolvidos na África Subsaariana.
A análise observou os resultados do neurodesenvolvimento aos dois anos de idade. Cerca de 17% das crianças expostas ao HIV apresentaram resultados inferiores na linguagem expressiva e 7% um desempenho pior na função motora. Os resultados da linguagem expressiva se mostraram inferiores somente a partir de dois anos, enquanto a piora da função motora já podia ser identificada nos primeiros doze meses de vida. Não foi registrada diferença significativa no desenvolvimento cognitivo.
De acordo com os autores, os estudos comprovam que as crianças expostas ao HIV, mas não infectadas, experimentam pequenos atrasos no desenvolvimento, mostrando uma marcação muitas vezes sutil, mas clara das diferenças de habilidades. Para eles, o acompanhamento de longo prazo éfundamental para a avaliaçãodas consequências dos atrasos na vida adulta.
Fonte: site da revista The Lance Child & Adolescent Health, de 10 de junho de 2022.
(https://www.thelancet.com/journals/lanchi/article/PIIS2352-4642(22)00071-2/fulltext)