O risco de doença mental em pessoas vivendo com HIV no Reino Unido: um estudo de coorte
Um estudo, conduzido por Tiffany Gooden, da Universidade de Birmingham, e publicado em 6 de junho de 2022 na revista The Lancet HIV, indicou que as pessoas que vivem com HIV no Reino Unido correm maior risco de desenvolver doenças mentais do que as pessoas sem o vírus. O ensaio foi realizado entre 2000 e 2020, tendo utilizado informações de um grande banco de dados de cuidados primários de HIV do Reino Unido. Foram comparadas à ocorrência novas doenças mentais em 7.167 pessoas vivendo com HIV com um grupo de controle de participantes HIV negativos, sem diagnóstico prévio de doença mental.
O processo de pareamento dos grupos foi baseado na região de moradia, idade, sexo, etnia, tabagismo, índice de massa corporal, uso de substâncias químicas, doença cardiovascular, hipertensão e diabetes. Os pesquisadores também utilizaram essas variáveis para entender como o aumento do risco de doença mental pode diferir em grupos distintos de pessoas que vivem com HIV.
Foi detectada uma maior incidência de depressão, ansiedade e doença mental grave (como psicose, esquizofrenia e transtorno bipolar) em pessoas vivendo com o vírus. Quatrocentos e noventa e cinco voluntários desse grupo foram diagnosticados com depressão, 266 com ansiedade e 64 com doença mental grave. Em comparação com o grupo de controle, 298 participantes apresentaram depressão, 214 ansiedade e 30 doença mental grave.
O risco aumentou de forma mais acentuada em homens que vivem com HIV, que apresentaram duas vezes mais chances de doença mental em comparação com aqueles sem o vírus. Entre as mulheres não houve diferença significativa.
Os autores afirmam que as descobertas desse estudo são relevantes não apenas no Reino Unido, mas também em outros países de alta renda. De acordo com eles, é fundamental que as pessoas que vivem com HIV continuem a ser examinadas regularmente quanto a sintomas de doenças mentais, garantindo assim que as populações mais vulneráveis não sejam subdiagnosticadas.
Fonte: site da revista The Lancet HIV, de 6 de junho de 2022.
(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018%2821%2900319-2/fulltext#%20)