Ensaio publicado em abril de 2022, no Journal of the International AIDS Society, apresenta os resultados de um estudo realizado na Tailândia, liderado por Anchalee Avihingsanon, do Centro de Pesquisas da Cruz Vermelha local, que mostrou que a incidência de tuberculose foi notavelmente alta entre pessoas vivendo com HIV durante o primeiro ano de uso da terapia antirretroviral (TARV) .

Os pesquisadores coletaram e analisaram retrospectivamente dados de indivíduos que recebiam a TARV em 15 clínicas especializadas em HIV de todo o país. Para serem incluídos na análise, os pacientes deveriam ter idade mínima de 18 anos e ter começado o tratamento entre 1999 e 2017. Foram revisados os registros de 9.179 pessoas, com idade média de 34,5 anos. Sessenta e um por cento eram homens e a mediana de CD4 era de 227 células/mmᶟ no início da TARV.

Durante um acompanhamento de dez anos, 442 participantes desenvolveram tuberculose, resultando em uma taxa de incidência global de 750 por 100 mil pessoas/ano. Desses casos, 84 (19%) ocorreram nos primeiros três meses da terapia, enquanto 71 (16%) foram no restante do primeiro ano e 267 (60%) nos anos subsequentes. A taxa de incidência de 35% no primeiro ano da TARV foi considerada elevada pelos pesquisadores.

Quanto menor a contagem de células CD4, mais casos de tuberculose: 20% aconteceram em voluntários com contagem abaixo de 50 células/mmᶟ, em comparação com 13% em pessoas com contagem acima de 500 células/mmᶟ. Quando comparados com aqueles sem tuberculose, os pacientes diagnosticados com a doença tinham contagem de CD4 mais baixa (141 células/mmᶟ em média contra 232 células/mmᶟ) e menor peso corporal  (53kg em média contra 57kg) no início da TARV. Os indivíduos com tuberculose eram mais propensos a já terem desenvolvido a doença no passado (25% contra 8%).

Os resultados desse estudo indicam que a Tailândia está longe de alcançar o controle da coinfecção tuberculose/HIV. De acordo com os autores, o rastreamento da tuberculose é inadequado no país. Melhores métodos de triagem permitiriam aos médicos identificar com maior precisão os diagnósticos da doença e aqueles que possuem fatores de risco. Essa estratégia ajudaria a aumentar a aceitação da terapia preventiva que atualmente é baixa em todo o continente asiático.

Fonte: site do Aidsmap, de 16 de maio de 2022.

(https://www.aidsmap.com/news/may-2022/incident-tuberculosis-one-three-people-starting-antiretroviral-therapy-thailand)

Link para o estudo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.25900?af=R