HSH que vivem com HIV e sofrem de depressão são mais propensos à baixa adesão à TARV
De acordo com estudo conduzido por Yung-Feng Yen, do Taipei City Hospital, em Taiwan, gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) que vivem com HIV e sofrem de depressão são até quatro vezes mais propensos a apresentar baixa adesão à terapia antirretroviral (TARV). O ensaio, divulgado em fevereiro de 2022, no Plos One Journal, também apontou que os pacientes que não tomavam antidepressivos tinham pior qualidade de vida relacionada à saúde psicológica e social em comparação com os que usavam os medicamentos.
Os pesquisadores recrutaram 557 voluntários do Taipei City Hospital, maior centro de tratamento de Taiwan, com idade média de 38 anos. Todos encontravam-se em uso da TARV e foram entrevistados acerca da adesão ao tratamento e da qualidade de vida relacionada à saúde. Houve também coleta de dados de carga viral e de contagem de CD4.
Para medir a adesão à TARV foi utilizada a Medication Adherence Repot Scale (MARS-5). A não adesão foi definida como uma pontuação MARS-5 inferior a 23 (a pontuação máxima era 25). A qualidade de vida dos participantes foi medida usando a versão taiwanesa de um questionário da Organização Mundial de Saúde (OMS). As questões mediram três domínios: capacidade física, bem-estar psicológico e relações sociais. Os itens foram classificados em uma escala de cinco pontos com uma pontuação mais alta mostrando uma melhor qualidade de vida.
Do total de participantes, 14% relataram depressão. Os participantes com esse diagnóstico eram mais propensos a apresentar não adesão à TARV (22%) em comparação com os não deprimidos (11%). Eles também tinham maior inclinação a ter uma renda mais baixa (26% contra 9%), a fumar (56% contra 40%), a usar drogas recreativas (17% contra 6%) e ter gonorreia (18% contra 10%).
Entre os voluntários com depressão, 55 faziam uso de antidepressivos e 23 não tomavam medicamentos para esse fim. Os pesquisadores descobriram que a baixa adesão à TARV estava significativamente associada à depressão não tratada: os participantes sem antidepressivos foram quatro vezes mais propensos a ter baixa adesão. Para aqueles que tomavam remédios, a baixa adesão foi considerada não significativa. Os HSH que não usavam antidepressivos também apresentaram pior qualidade de vida relacionada à saúde psicológica e social.
“Para atingir as metas de testagem e tratamento do HIV da OMS, o estudo sugere ser fundamental rastrear sintomas de depressão em pessoas que vivem com o vírus. É imperativo fornecer o medicamento adequado para o tratamento, a fim de melhorar a adesão à TARV e elevar a qualidade de vida relacionada à saúde dos pacientes”, concluem os autores.
Fonte: site do Aidsmap, de 9 de maio de 2022.
Link para o estudo: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0264503