2022 Notícias

Desigualdades socioeconômicas influenciam indicadores de HIV na África

De acordo com estudo liderado por Mohamed Hamidouche, do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios de Paris, as pessoas economicamente mais favorecidas do continente africano (localizadas na África Oriental e Austral) são mais propensas a usar preservativo e apresentar atitudes não estigmatizantes em relação aos que vivem com HIV do que as menos favorecidas economicamente (situadas na África Ocidental e Central). O ensaio foi publicado, em fevereiro de 2022, na revista AIDS.

Os autores utilizaram dados de pesquisas domiciliares de demografia e saúde realizadas, entre 2010 e 2018, com 358.591 pessoas de 18 países (Burkina Faso, Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Gongo, Etiópia, Guiné, Quênia, Lesoto, Libéria, Malauí, Mali, Níger, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue). Informações sociais, econômicas e de bem-estar foram coletadas por meio de entrevistas presenciais que utilizaram questionários padronizados.

O conhecimento relacionado ao HIV foi mais baixo nos países da África Ocidental e Central. Menos de 20% dos participantes de oito dos dez países da região deram respostas corretas a todas as perguntas sobre o assunto. Burkina Faso e Camarões foram exceções: respectivamente, 23% e 30% dos entrevistados demonstraram alto entendimento sobre transmissão e prevenção do vírus. O resultado foi melhor nos países da África Oriental e Austral. No Zimbábue, por exemplo, 40% dos voluntários responderam corretamente ao questionário. Em Ruanda, esse número subiu para 43%.

Mais de 20% dos participantes dos países da África Oriental e Austral fizeram um teste de HIV no ano que antecedeu a entrevista. Esse número caiu abaixo dos 10% em nove dos dez países da África Ocidental e Central. A circuncisão masculina foi medida apenas na África Oriental e Austral e variou de 9% no Malauí para 85% em Ruanda.

Foi registrada também uma enorme desigualdade no que diz respeito à utilização de preservativo. Os voluntários dos dez países da África Ocidental e Central tinham até cinco vezes menos chances de usá-lo. Outra grande lacuna foi observada em relação às pessoas que vivem com HIV. Os entrevistados da África Oriental e Austral eram 32% mais propensos a apresentar comportamentos inclusivos e não estigmatizantes com essa população.

“Grandes desigualdades permanecem no que tange à falta de conhecimentos gerais sobre os cuidados com o HIV no continente africano. O preconceito e o estigma ainda são problemas graves que precisam ser combatidos, principalmente entre os menos favorecidos economicamente. A prevenção e o tratamento devem ser prioridade entre os provedores de saúde”, concluem os autores.

Fonte: site do Aidsmap, de 6 de abril de 2022.

(https://www.aidsmap.com/news/apr-2022/pronounced-socio-economic-inequalities-across-multiple-hiv-indicators-18-african)

Link para o estudo: https://doi.org/10.1097/qad.0000000000003191