HIV, IST e Outros

Pessoas que vivem com HIV: propensão a desenvolver hipertensão arterial ao iniciar uso de um inibidor da integrase

Pessoas que vivem com HIV e tomam inibidores da integrase são mais propensas a desenvolver pressão arterial alta (hipertensão arterial) do que aquelas que usam inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos (NNRTIs). Esse foi o resultado de um grande estudo de coorte internacional (estudo observacional no qual os indivíduos são classificados segundo o status de exposição e acompanhados para avaliar a incidência de uma doença em determinado período de tempo), conduzido por Dathan Byonanebye, da University of New South Wales, na Austrália, e publicado, em 1 de março de 2022, na revista HIV Medicine.

A equipe do estudo selecionou 32.085 pessoas que viviam com HIV. Esses seriam elegíveis para inclusão na análise se tivessem, entre janeiro de 2012 e janeiro de 2019, iniciado a terapia antirretroviral ou mudado para um regime contendo dois medicamentos análogos de nucleosídeos e um inibidor de transcriptase reversa não nucleosídeo, um inibidor da protease potencializado ou inibidor da integrase. A análise excluiu voluntários tratados com os antirretrovirais mais recentes, como doravirina, bictegravir e cabotegravir, devido ao número insuficiente de usuários. Também foram excluídas no recrutamento pessoas com hipertensão arterial ou com medições arteriais ausentes.

Ao final da seleção, foi incluído um total de 4.606 participantes no estudo (73% homens, 69% brancas, 50% homens gays ou bissexuais, 33% heterossexuais e 10% usuários de drogas injetáveis). Quarenta e seis por cento estavam iniciando o seu primeiro regime, enquanto 54% mudaram para um novo regime durante o período de acompanhamento. Dezoito por cento eram fumantes.

Entre todos os voluntários, 68% receberam um inibidor da integrase, 17,5% um NNRTI e 13% um inibidor da protease. Os inibidores da integrase mais usados foram dolutegravir (1.929), elvitegravir (777) e raltegravir (458). Os NNRTIs incluíram rilpivirina (487) e efavirenz (320), enquanto o inibidor da protease mais comum foi o darunavir (461). A maioria dos participantes que trocaram de tratamento passou para um inibidor da integrase (84%) e aproximadamente 75% mudaram de um inibidor da protease.

As pessoas que tomaram um inibidor da integrase tiveram uma incidência 76% maior de hipertensão arterial em comparação com os voluntários que usaram um NNRTI, com tendência de ocorrência ainda mais alta em pessoas não tratadas anteriormente. A diferença nos números de casos de pressão arterial alta entre participantes que tomaram inibidores da integrase e inibidores da protease foi menor se comparada com os que usaram um NNRTI.

Os pesquisadores dizem que as pessoas com fatores de risco tradicionais para hipertensão ou com um diagnóstico de HIV devem fazer verificações de pressão arterial regularmente. O mesmo vale para quem apresenta pressão arterial na faixa considerada abaixo da ideal.

Fonte: site do Aidsmap, de 17 de março de 2022.

(https://www.aidsmap.com/news/mar-2022/people-hiv-more-likely-develop-high-blood-pressure-after-starting-integrase-inhibitor)

Link para o estudo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/hiv.13273