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Vacina contra o HIV não apresenta eficácia esperada no estudo Imbokodo (HVTN 705)

Um regime de vacina experimental contra o HIV, testado em um grande estudo no sul do continente africano, não protegeu as mulheres jovens da infecção pelo vírus, disse Glenda Grey, do Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul, em apresentação na 24ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2022), realizada virtualmente de 12 a 24 de fevereiro. Os pesquisadores continuam analisando os dados coletados na esperança de obter mais informações que possam ajudar na busca contínua por um imunizante eficaz.

O ensaio de fase 2b Imbokodo (HVTN 705), iniciado em 2017, recrutou 2.600 mulheres jovens, com idade entre 18 e 35 anos, e alto risco de HIV, no Maláui, Moçambique, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue. A maioria das voluntárias relatou um ou dois parceiros sexuais no mês anterior e 18% informaram cinco ou mais. Cerca de 70% tinham um parceiro mais velho e 33% disseram que seu cônjuge fazia sexo com outras pessoas. Metade trocou sexo por dinheiro ou presentes nos 30 dias anteriores. Quase 70% relataram usar preservativo e 18% nunca o terem utilizado. Aproximadamente um terço apresentava alguma infecção sexualmente transmissível no início do estudo.

As participantes foram aleatoriamente designadas para receber quatro doses da vacina ou injeções de placebo durante um ano. Na terceira e quarta visitas, as voluntárias do grupo do imunizante também receberam reforços contendo proteínas do HIV gp140 Clade C, o tipo predominante no local. As mulheres ainda tiveram acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, mas quase nenhuma fez uso do medicamento de forma consistente.

Dois anos após a administração da primeira dose, 51 participantes que receberam a vacina ativa e 63 que tomaram injeções de placebo adquiriram o HIV. Esses números, considerados altos pelos pesquisadores, correspondem a 3,6 casos por 100 pessoas-ano e 4,3 casos por 100 pessoas-ano, respectivamente.

Os testes foram interrompidos, antes da data prevista, em agosto de 2021, depois que análise primária mostrou que a eficácia do imunizante era de apenas 25,2%. Especialistas em saúde pública informam que uma vacina precisa atingir pelo menos 50% de eficácia para conseguir conter uma epidemia.

Enquanto o estudo avança em novas abordagens, os autores afirmam que as mulheres do sul da África precisam urgentemente de outras ferramentas de prevenção biomédica, como a PrEP injetável de longa duração, anéis vaginais e implantes que possam prevenir a aquisição do HIV e da gravidez indesejada.

Site da CROI, de 23 de fevereiro de 2022.

(https://www.croiconference.org/abstract/phase-iib-efficacy-trial-of-mosaic-hiv-1-vaccine-regimen-in-african-women-imbokodo/)