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HPTN 083: após novos dados, PrEP injetável ratifica eficácia superior à pílula oral diária

Raphael Landovitz, da Universidade da Califórnia – Los Angeles, nos Estados Unidos, apresentou, em forma de pôster na 24ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2022), realizada virtualmente de 12 a 24 de fevereiro, uma atualização sobre o estudo HPTN 083, do qual é pesquisador principal do HPTN 083 conjuntamente com Beatriz Grinsztejn (também co-pesquisadora principal do ImPrEP). O trabalho já havia demonstrado que a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV com cabotegravir, quando administrada via injetável, a cada dois meses, tem eficácia superior ao TDF/FTC (uso oral diário) junto a gays/outros homens que fazem sexo com outros homens (HSH) e mulheres trans.

O estudo cego e controlado por placebo durou 3,4 anos. Os 4.566 participantes receberam injeções ativas e pílulas simuladas ou injeções simuladas e pílulas ativas de PrEP. Quando os resultados foram anunciados, em maio de 2020, os voluntários foram informados sobre qual modalidade da profilaxia estavam tomando e convidados a continuar a usar a PrEP.

Na CROI de 2021,estudo apontou que foram relatadas 39 infecções por HIV em pessoas que tomaram TDF/FTC e 12 em voluntários que usaram o cabotegravir. Esses números equivalem a 68% menos casos no braço da PrEP injetável. Este ano, Landovitz trouxe novos dados:

– Os pesquisadores encontraram mais quatro infecções na parte cega do estudo, duas em cada braço, elevando os totais para 41 casos no uso do TDF/FTC e 14 no uso do cabotegravir. Isso equivale a uma incidência anual de HIV de 1,29% na PrEP oral com TDF/FTC e 0,44% na PrEP injetável com cabotegravir. A taxa de infecção foi 67% menor  entre os que usaram cabotegravir.

– No primeiro ano da fase de rótulo aberto, houve 31 infecções de HIV em pessoas tomando TDF/FTC e 11 em indivíduos usando cabotegravir. As taxas de incidência anuais, de 2,2% na PrEP oral e 0,76% na PrEP injetável, foram cerca de 70% maiores que no estudo cego. No entanto, a razão da taxa de incidência permaneceu inalterada: foram67% menos infecções no cabotegravir.

– Combinando as fases cega e aberta, aconteceram 72 casos de HIV no uso do TDF/FTC e 25 no uso do cabotegravir, o que novamente não alterou a eficácia geral de 67% menos infecções na PrEP injetável.

A adesão foi maior durante a fase do estudo cego. Medições de nível de substâncias no sangue feitas em pessoas que usaram TDF/FTC mostraram que a proporção de participantes que tomaram quatro ou mais doses do medicamento por semana foi de 73% na fase cega e apenas 59% na aberta. A proporção de voluntários que perderam suas injeções de cabotegravir aumentou de 9% na fase cega para 19% na fase aberta.

Landovitz classificou a vantagem da PrEP injetável como “notável”. Também celebrou que oito países (Brasil, Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Zimbábue, Malawi, Botsuana e Uganda) já tenham aprovado ou estejam em processo de aprovação do cabotegravir para ser usado como profilaxia ao HIV.

Fonte: site da CROI, de 17 de fevereiro de 2022.

(https://www.croiconference.org/abstract/updated-efficacy-safety-and-case-studies-in-hptn-083-cab-la-vs-tdf-ftc-for-prep/)