Um estudo, conduzido por Rebekka Thudium, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, mostrou que pessoas que vivem com o HIV e recebem terapia antirretroviral eficaz têm uma taxa mais rápida de declínio da função pulmonar do que pessoas HIV negativas. A análise, intitulada “Declínio mais rápido da função pulmonar em pessoas bem tratadas vivendo com HIV em comparação com controles não infectados: um estudo de coorte longitudinal pareado”, foi apresentado na 18ª Conferência Europeia de Aids, ocorrida de forma virtual em outubro de 2021.

Os pesquisadores incluíram no estudo pessoas que viviam com HIV de dois outros grandes estudos de coorte (estudo observacional no qual os indivíduos são classificados segundo o status de exposição e acompanhados para avaliar a incidência de uma doença em determinado período de tempo): 705 do Copenhagen Comorbidity in HIV Infection (COCOMO) e 425 do Insight Star. O braço comparador, também chamado de grupo de controle, incluiu 2.895 participantes do Copenhagen General Population Study (CGPS), estudo com mais de 100 mil pessoas HIV negativas que viviam na mesma região geográfica.

Para participar do estudo, tanto as pessoas que viviam com HIV quanto os integrantes do grupo de controle deveriam ter pelo menos 25 anos de idade e fazer dois testes de espirometria (medição do fluxo de ar para dentro e para fora, com um espirômetro), separados por dois anos de acompanhamento. Estar em terapia antirretroviral há, no mínimo, seis meses foi outro critério de inclusão para as pessoas que viviam com HIV.

O sexo masculino distribuiu-se igualmente entre as pessoas que viviam com HIV e os participantes do grupo de controle, chegando a cerca de 80% em ambos os casos. Pessoas do grupo de controle eram ligeiramente mais velhas (média de idade de 49 contra 47 anos). Havia menos indivíduos de etnia branca entre os que viviam com HIV do que nos participantes do grupo de controle (70,1% contra 99,9%). As pessoas que viviam com HIV tinham, em sua maioria (93,7%), uma carga viral suprimida. Havia mais fumantes entre aqueles que viviam com HIV do que entre os participantes do grupo de controle (28,2% contra 18,5%).

No início do estudo, a função pulmonar era menor nas pessoas que viviam com HIV. A taxa anual de declínio dessa função foi mais rápida nesses indivíduos, com uma diferença de 8,5ml/ano. Ao fim do estudo, a maior diferença encontrada foi em fumantes atuais vivendo com o HIV, mostrando que eles têm uma taxa anual extra de 16,8ml de declínio pulmonar quando comparados com fumantes atuais HIV negativos. “A associação entre o HIV e o declínio da função pulmonar é amplificada pela presença do tabagismo ativo”, afirmou Thudium.

Fonte: site do Aidsmap, de 30 de outubro de 2021.

(https://www.aidsmap.com/news/oct-2021/lung-function-declines-faster-people-living-hiv)