Diretrizes de PrEP dos CDC, nos EUA, devem incluir critérios específicos para mulheres trans, aponta estudo
Dados coletados junto a uma coorte (estudo observacional no qual os indivíduos são classificados segundo o status de exposição e acompanhados para avaliar a incidência de uma doença em determinado período de tempo) de mulheres trans nos Estados Unidos destacam a necessidade de inclusão de critérios específicos de prescrição da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV para esse público nas diretrizes dos Centros de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) norte-americanos.
Publicado na edição de 1 de setembro de 2021 do Journal of Acquired Immune Deficiency Syndrome, o estudo LITE (Leading Innovation for Transgender Women’s Health and Empowerment) é uma parceria entre diversas universidades e instituições dos EUA que, entre março de 2018 e maio de 2020, observou 1.293 mulheres trans do leste e sul daquele país. As participantes foram convidadas a completar questionários sócio-comportamentais e realizar testes de HIV trimestralmente ou a cada seis meses. Cerca da metade (57%) tinha mais de 30 anos de idade, 53% foram identificadas como não hispânicas/latinas brancas, 14% como não hispânicas/latinas negras, 9% hispânicas/latinas e 25% em outras categorias. Quase metade (45%) contava com baixo apoio social e 44% afirmaram ter vivenciado o desabrigo.
Como parte do estudo, os pesquisadores e conselheiros comunitários desenvolveram um conjunto de critérios de prescrição de PrEP para mulheres trans. Os critérios incluíam ser HIV negativo, não estar em uma relação monogâmica e preencher pelo menos uma das seguintes condições: fazer sexo sem preservativo, ter tido uma infecção sexualmente transmissível nos últimos seis meses, fazer uso da profilaxia pós-exposição (PEP), ter realizado trabalho sexual nos últimos três meses, ter feito sexo nos últimos três meses com um parceiro de status de HIV desconhecido ou positivo ou ter compartilhado agulhas/drogas injetáveis nos últimos 12 meses.
Foi realizada uma avaliação de elegibilidade comparando os critérios CDC e os critérios específicos estabelecidos pelo estudo para as mulheres trans. Os resultados revelaram uma prevalência de indicação de PrEP usando os novos critérios de 47% (611), 155 a mais do que aquelas que foram identificadas usando os critérios dos CDC. Oitenta e três por cento disseram ter conhecimento acerca da profilaxia – dessas, 38% afirmaram já a ter usado. Entre aquelas que tinham indicação para PrEP, 13% a estavam usando no momento do estudo. Mais da metade (55%) das elegíveis para a profilaxia tinha baixa ou nenhuma autopercepção de risco ao HIV.
O estudo conclui que a marginalização social e a opressão experimentada pelas mulheres trans levam simultaneamente ao aumento do risco de aquisição do HIV, se comparado com a população em geral, além da diminuição em termos de acesso aos serviços de prevenção. Os dados apresentados sugerem, ainda, que essas novas diretrizes para mulheres trans sejam incluídas nos critérios dos CDC com objetivo de determinar com precisão a indicação daPrEP nessa população e, assim, aumentar seu acesso à profilaxia.
Fonte: Aids Map de 22 de outubro de 2021
Acesso ao resumo do estudo: