Estudo registra chances de problemas cardiovasculares em pessoas que tomam abacavir
De acordo com estudo conduzido por Nadine Jaschinski, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, realizado na Europa e na Austrália, entre janeiro de 2012 e dezembro de 2019, pessoas que tomaram o abacavir como parte de seu tratamento antirretroviral ao HIV apresentaram maior probabilidade de sofrer ataque cardíaco, derrame ou outro evento cardiovascular sério do que pessoas que não usaram o medicamento. O estudo foi apresentado na 18ª Conferência Europeia de Aids, ocorrida de forma virtual em outubro de 2021.
A população total do ensaio foi de 29.340 pessoas, com média de idade de 44 anos, sendo 74% do sexo masculino. Os principais fatores de risco cardiovascular encontrados foram: lipídios altos no início do estudo(61%), pressão arterial elevada (19%), fumo (21%) e diabetes (4%).
Inicialmente, os pesquisadores calcularam a viabilidade de se começar o tratamento com o abacavir, durante o período do estudo, de acordo com o risco de doença cardiovascular apresentado nos últimos cinco anos. Em comparação com pessoas de baixo risco (menos de 1% de risco), pessoas de risco moderado (1% a 5%) foram 20% menos propensas a iniciar o tratamento. Também em comparação com pessoas de risco baixo, os participantes de alto risco (5% a 10%) ou risco muito alto (mais de 10%) tiveram, respectivamente, 25% e 29% menos propensão de iniciar o tratamento. No cômputo geral, cerca de 34% dos participantes tomaram o medicamento durante o estudo.
Foram medidos, ainda, os riscos de um evento cardiovascular grave em pessoas que fizeram uso do abacavir nos seis meses anterioresà medição.Foram registrados 748 eventos cardiovasculares(299 ataques cardíacos, 228 acidentes vasculares cerebrais e 221 procedimentos cardiovasculares invasivos). A taxa de incidência foi de quase cinco casos por 1.000 pessoas-ano de acompanhamento, ou seja, uma a cada 200 pessoas.
A incidência de problemas cardiovasculares foi 40% maior em participantes que tomavam o abacavir ou que haviam sido recentemente expostas ao medicamento. Segundo os pesquisadores, esse risco persistiu quando a análise ficou restrita a pessoas sem histórico prévio de doenças cardiovasculares.
Fonte: site do Aidsmap de 28 de outubro de 2021:
Resumo do estudo na conferência:
https://eacs2021.abstractserver.com/program/#/details/presentations/243